GeralBrunoro dispara contra política e vê Palmeiras saudável financeiramente

Brunoro dispara contra política e vê Palmeiras saudável financeiramente

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Perto de sair, diretor executivo faz balanço positivo do próprio trabalho, explica ameaças sofridas e revela tristeza com acusações de que trabalha por interesses pessoais.

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Outubro, novembro e dezembro. Estes devem ser os últimos três meses no Palmeiras do diretor executivo José Carlos Brunoro, cujo contrato se encerra no fim do ano. Mesmo rodeado de críticas da torcida e pressionado politicamente, o dirigente faz um balanço positivo da sua segunda passagem pelo Verdão.

Contratado pelo presidente Paulo Nobre no início de 2013, Brunoro não conseguiu repetir dentro do futebol o mesmo sucesso dos anos 90, quando foi o responsável por administrar a vencedora parceria com a Parmalat.

Ainda assim, ele vê acertos e avanços na atual gestão. Ajudou a organizar as finanças, valorizou as categorias de base, encaminhou projetos fora das quatro linhas e reformulou o plano de sócio-torcedor. E acredita que teria feito mais se não fosse a conturbada situação política do clube, que vive clima eleitoral – sócios vão escolher o novo presidente no fim de novembro.

O que aconteceu de errado no Palmeiras em 2014?
Ultimamente não estou tão ligado ao dia a dia do futebol. Desde a saída da pessoa do marketing (Marcelo Giannubilo), tenho me voltado a essa área e outras para deixar um plano de trabalho de quatro anos pronto. Não estou dedicado só ao futebol, é uma das áreas, mas a fase de avaliação deve iniciar agora para planejar 2015 e ter mais tranquilidade de trabalhar o que o elenco precisa. Estamos avaliando o que aconteceu de certo e de errado, mas é algo interno.

Mas você ajudou a montar um elenco que hoje está inchado. São mais de 40 jogadores. Por quê?
É muito simples. Os jogadores que voltaram de empréstimo não conseguimos reemprestar. Esse é um dos lados. Alguns jogadores estavam lesionados e precisávamos de outros para a posição. Na volta de lesão, às vezes esses jogadores não se encaixam. Faz parte de um trabalho. Tivemos vários lesionados afastados durante o ano. O departamento médico teve muita gente, e aí deu um número de jogadores de trabalho grande, mas que não era o que queríamos. Não foi só inchaço por contratar, mas inchaço também por volta de jogadores de empréstimo.

Qual o número ideal para um elenco profissional?
Sempre foi entre 27 e 28 jogadores. Esse é sempre o número ideal, mas as vezes não há controle disso.

Quais são esses projetos para os próximos quatro anos que você citou na primeira pergunta?
Nem é apenas de marketing. Estamos tendo reuniões com todos os departamentos, estamos conversando sempre com o Jurídico para melhorar as questões dos contratos. Estamos debatendo também os projetos incentivados, que vai incluir base, esportes olímpicos e também reformas, inclusive a reforma do Centro de Excelência do CT, que tem uma parte que vai ficar pronto nesse ano com dinheiro do projeto do “Movimento por um futebol melhor”. A obra vai ficar toda pronta no ano que vem, mas a parte de fisioterapia termina esse ano. Vamos dar um salto de qualidade com isso.

Acha que as pessoas de fora não percebem esses avanços?
Muitas coisas que foram feitas, infelizmente no Brasil, acabam escondidas pelos resultados do futebol. Infelizmente, isso acaba dizendo se a gestão é boa ou não. Muitas coisas são apagadas por causa do dia a dia do futebol, a gente sabe disso. No futebol, conseguimos subir sem sustos, chegamos na semifinal do Paulista e a gente também conseguiu chegar próximo do que a gente queria, que é entrar em 2015 com um elenco com garotos de qualidade da base. O trabalho da nossa base é muito bom. É a primeira vez na história do Palmeiras que há vários garotos da base titulares. Essa era uma das minhas bandeiras, porque eu já trabalhava com a base no Audax. Tenho certeza que o Palmeiras será muito grande e muito forte. O Paulo (Nobre) é uma pessoa excepcional. A partir daí o Palmeiras está consolidado.

Você acha que segue em 2015?
Não sei, depende muito do clube. Sei que existem situações políticas muito fortes em relação a isso. Tenho contrato até dezembro e pretendo cumprir. A partir daí analisamos pelo lado do Palmeiras e pelo meu lado.

Você quer ficar?
Não sei, não sei… Depende muito da eleição também. Não pensei nisso ainda. O que eu quero é deixar um projeto a longo prazo para o Palmeiras e consolidar as coisas boas que a gente fez, que muita gente esquece. O Palmeiras em 2015 vai estar totalmente saneado financeiramente. O Palmeiras vai ter quase o seu orçamento pleno a partir de janeiro. O Palmeiras já tem a CND (Certidão Negativa de Débito), o Palmeiras já tem todo o projeto de marketing pronto, mesmo sem um patrocinador master. Subimos para 43 mil sócios-torcedores, e buscamos isso através com uma espécie de patrocínio master. Faturamos no mês passado R$ 850 mil livres só com sócio-torcedores. A gente implementou também o SAP na administração, que é um sistema ultramoderno de gerência, que controla as contas. E tem a inauguração do estádio também. O Palmeiras passa a ser aquilo que o Paulo Nobre pensou há dois anos: ser um time sustentável, não na sua plenitude, mas sustentável.

Você se sente perseguido pela torcida? Isso te incomoda?
Incomodar, incomoda… As pessoas analisam quarta e domingo. Mas isso é normal, esse incômodo é muito relativo quando se critica o profissional. É normal as pessoas não gostarem de alguns trabalhos. Agora, só não acho legal quando entram no lado pessoal e falam coisas que não tem nada a ver com o meu caráter, que não tem a ver com o meu trabalho. Sempre trabalhei forte.

Que tipo de crítica sofreu?
Falaram que eu trabalhava em cima de interesses particulares. Minha vida está toda aí para provar o contrário. São acusações que, quem tem consciência tranquila, não fere. Mas aí você tem filhos na escola, esse tipo de coisa incomoda. As pessoas deveriam ter um pouco mais de hombridade.

Chegou a ser ameaçado?
Colocaram meu cartão de visita no Facebook e isso se espalhou por toda a rede. No mesmo dia caíram três mil mensagens em meu telefone, ofensas dirigidas, pois foram espalhando isso. Mas eu tive a paciência de não mudar de telefone, ficar quieto, não responder, e hoje a gente recebe até elogios. O mais bacana disso, e esse ano eu faço 30 anos de esporte, é dormir com a consciência tranquila. Foi uma coisa maldosa, mas você sabe que muitas dessas críticas foram combinadas, não podemos dar vazão em cima disso.

Tudo isso pesa contra a sua sequência no Palmeiras?
O Palmeiras foi um marco na minha vida, quando o Paulo (Nobre) me convidou eu acreditei em um projeto, e procurei cumprir tudo aquilo que foi pleiteado para mim. Meu contrato vai até dezembro, há um processo de o Palmeiras querer ou não, e também a minha parte querer ou não.

Alguém no clube quer ou tentou te derrubar? Jogaram contra?
Quando é ano político, algumas situações são normais, como a crítica da oposição à situação. Não acho que há interesse em derrubar ou ficar, mas precisam ter os focos, que são o presidente e eu. Aí ficam falando do patrocínio master e do futebol, sendo que patrocínio master nenhum time teve, a não ser pela Caixa. Vários clubes estão há mais de um ano sem patrocínio, mas o Palmeiras continua aumentando o número de sócios para cobrir isso. É normal em uma situação de eleição ter essas críticas.

Teme ficar marcado negativamente no clube?
É, se a gente cair, sim. E tenho certeza disso. Mas eu não acredito nisso (rebaixamento), acredito que muitas pessoas vão ver nossos jovens jogadores formados nesse trabalho e dando uma alta produtividade para o Palmeiras. As pessoas vão entender que a gente mudou a cara do clube, vão entender a filosofia implantada em dois anos. Tenho consciência tranquila. Quando eu voltei para o Palmeiras, eu sabia do que risco que era. Só não avaliei que a política interna continuaria tão forte como era, muito mais do que eu imaginava.

A política atrapalha muito?
Bastante, principalmente em ano de eleição. É difícil você trabalhar no seu 100%, porque tem todo um envolvimento político e você precisa tomar cuidado com a eleição. Mas isso é o Palmeiras, esse é o Palmeiras que todo mundo conhece. Não adianta eu ficar aqui reclamando. Preciso entender e superar os problemas. Sempre coloquei na minha vida duas coisas: problemas são para ser enfrentados E justificativas válidas não serão aceitas (risos).

A situação financeira do clube também te atrapalhou?
A situação financeira sempre atrapalha, você não tem como competir com os adversários.

O Palmeiras ainda não consegue competir com os adversários?
Não, ainda não tem como competir. O Palmeiras, em função desta estabilidade financeira que está buscando, tem como filosofia não competir. Mas o mercado também ganhou um novo sistema de trabalho, que é a “produtividade”.

Contrato de produtividade vai pegar no futebol brasileiro?
Tem muitos clubes já pensando e fazendo isso. O Palmeiras, em função das suas dificuldades, criou esse sistema, que muitos presidentes estão interessados. O Palmeiras colocou isso porque achava que era importante.

Fonte: LanceNet!

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