Quem pode mais chora menos

Por Thiago Gomes
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Dezembro de 2014. O Palmeiras empata com o Atlético-PR e vê o Santos, em Salvador, salvar a pele. A combinação de resultados impediu a terceira queda na história do Alviverde. De fato seria um grande fiasco mais uma vez e talvez o futuro teria sido completamente diferente. Mas graças a Deus seguimos um outro rumo.

2015 foi o ano que transformou o Palmeiras no clube que é hoje. Paulo Nobre, ex-presidente, tem uma enorme parcela de contribuição, mas não fez tudo sozinho. Contou também com o encaminhamento de algumas coisas que já estavam por acontecer. O Allianz Parque, por exemplo, foi inaugurado em novembro de 14. A partir dessa data um verdadeiro ‘divisor de águas’ aconteceu: as receitas explodiram e levou o programa de sócio torcedor, o Avanti, as alturas. Muitas adesões ocorreram e o palmeirense abraçou a causa com todo louvor e amor. Tanto que até hoje o Verdão é o líder do ranking Por um Futebol Melhor com expressivos números.

Allianz Parque, Avanti…e o patrocinador. A Crefisa, que procurou o Palmeiras para patrociná-lo, é um caso à parte. Um case bem diferente. A empresa tem os balanços bem definidos e muita grana, muito lucro. A financeira praticamente não tem índice de inadimplência e os altos juros cobrados tornam a instituição muito rentável. José Roberto Lamacchia, presidente das empresas junto com Leila Pereira, é palmeirense doente e sócio desde a década de 1950. Conhece boa parte dos cardeais do clube e tornou-se conselheiro em conturbada eleição em fevereiro. As brigas com Paulo Nobre na antiga gestão impulsionaram ainda mais os investimentos da empresa no Palmeiras. Só até março, o casal investiu mais de R$ 70 milhões em ativos e investimento. Muito dinheiro para o pobre futebol brasileiro em questão.

Com todos esses adjetivos e essa positividade financeira, o Palmeiras é considerado hoje o clube mais organizado financeiramente. E o que mais empolga a diretoria, sócios e conselheiros é que o Alviverde tem fontes de renda fixas e poucas dívidas. Dificilmente o público deixará de pagar o Avanti e deixará de frequentar a arena se o time for bom, competitivo e disputar títulos importantes. A roda gira e o dinheiro não vai parar de entrar. A projeção é que a situação só melhore mais para frente, sem chance alguma (ou mínima) de cair ou diminuir.

Já os nossos rivais não seguem a mesma tríade. O Corinthians, que está penando e não está conseguindo pagar o estádio (ou presentinho do Lula), agradece até reforço que não deu certo para tentar alguma visibilidade. Coisa de time pequeno e sem expressão. Atitude que não condiz com time grande e com a estrutura que eles tem. Enfim, não é problema nosso e que a má fase perdure eternamente.

O que chamou a atenção nesta semana foram alguns corintianos tentando iniciar um boicote às empresas que patrocinam o Palmeiras. Explico: o rival estava de olho em Valdívia, do Internacional. Sabendo disso, o Palmeiras atravessou o negócio e ativou ainda mais o interesse dos gaúchos em fazer negócio. Antônio Carlos Zago, treinador do time colorado, quer pelo menos dois jogadores do elenco palmeirense e que não estão sendo usados. Logo que ficou sabendo, o treinador praticamente descartou receber o corintiano Giovanni Augusto e deu o ok para a diretoria negociar com o Palmeiras. Só com o Palmeiras.

Nervoso, Roberto de Andrade, mandatário corintiano, ligou para Maurício Galiotte exigindo explicações. A resposta foi que o Palmeiras estava interessado desde o ano passado no meia e que se desse negócio, tudo bem. Mas o presidente considerou a situação um pouco difícil de ser concluída por conta de Eduardo Baptista. O técnico palmeirense foi ouvido e disse que está muito satisfeito com a posição. O resultado é que o Palmeiras atingiu o objetivo: inflacionou o negócio e tornou as coisas muito difíceis para o rival, que desistiu logo na sequência. Ponto para a nossa diretoria nesse assunto.

O tal boicote partiu até de algumas torcidas organizadas. Em conversa recente com Leila Pereira em um evento, ela me disse que muitos corintianos se associam ao Avanti (sócio torcedor do Palmeiras) para conquistarem descontos importantes para estudarem na Faculdade das Américas (FAM), que também patrocina o Verdão (principalmente as mídias digitais). O índice de corintianos que pegam dinheiro na Crefisa também é crescente. Ou seja, o tal protesto/boicote/mimimi torna-se um verdadeiro tiro no pé e algo sem qualquer tipo de planejamento.

Sempre é bom ressaltar que essa atitude não implica em nada tanto para Palmeiras quanto para Crefisa/FAM. Trata-se de uma verdadeira dor de cotovelo coletiva ao ver o Palmeiras cada vez mais forte e difícil de ser alcançado. Líder do Paulistão, líder da Libertadores e com um baita futuro positivo pela frente. Enquanto alguns veem alegria e positividade, outros veem longos boletos para serem pagos e times pífios. Cada um tem o que merece.