Análise: Palmeiras recupera força defensiva e cria identidade para a reta final

É possível esperar uma arrancada do Verdão nas últimas rodadas do Brasileirão? O técnico Cuca acredita que sim

O Palmeiras acordou tarde no Campeonato Brasileiro? Talvez, sim. São quatro jogos de invencibilidade no torneio, mas ainda 11 pontos de distância para a primeira colocação. Porém, pelas últimas atuações da equipe, o torcedor do Verdão já consegue ver um time com uma identidade definida para os meses derradeiros de 2017. E com uma força defensiva importante, algo que foi marcante na passagem de Cuca pelo clube no ano passado.

Foi comum ouvir durante grande parte da campanha de 2016 que o Palmeiras “sabia sofrer”. Quando não havia destaque técnico de encher os olhos dos torcedores mais exigentes naquele padrão Academia de ser, o desempenho era compensado na dedicação e na eficiência de seu sistema de marcação. Assim pode se resumir o Verdão dos últimos jogos.

Se venceu o São Paulo em um clássico equilibrado, o time de Cuca precisou de muita aplicação para empatar com o Atlético-MG, em Belo Horizonte, e controlar o Coritiba, no Pacaembu. Na vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, domigo, no Maracanã, largou na frente com lindo gol de Egídio e depois segurou a esperada pressão dos donos da casa.

Sem espaços para infiltrações com seus meias, o Tricolor tentou as ligações diretas e os cruzamentos para a área, quase todos cortados pelos laterais, zagueiros ou pelo goleiro Fernando Prass.

O Verdão rendeu muito bem coletivamente no Rio. Não foi brilhante, mas eficiente e competitivo. Em vantagem no marcador, formou uma linha defensiva importante, sempre com apoio de Dudu pelo lado esquerdo e de Willian – depois, Róger Guedes – pela direita. O Fluminense até assustou, mas em lances isolados pelo alto ou em chutes de fora da área.

Se Deyverson não teve tanta chance para finalizar, foi importante para o esquema tático. Cobrado por Cuca diariamente na Academia para fazer o pivô e sair da área para ser a referência do ataque, o atacante ganhou a maioria das bolas pelo alto, abrindo espaço para infiltrações de Willian e Dudu. Mas faltou calma e um pouco de sorte – Dudu escorregou sozinho após uma arrancada – para o jogo ser mais tranquilo. Ele, e depois Borja, ajudaram na marcação e dificultaram a saída de bola tricolor.

E o que esperar do Palmeiras daqui para frente? A vaga no G-4 estabelecida como meta na virada do turno deve ser uma realidade para o elenco alviverde. Mas, se quiser pensar em objetivos maiores no torneio – entenda-se disputa pelo título –, é fundamental para a equipe, além de secar o rival Corinthians, ter um aproveitamento perfeito nas próximas duas rodadas, ambas na arena.

O clássico contra o Santos, no próximo sábado, será uma briga direta: os alvinegros somam 44 pontos contra 43 dos alviverdes. Depois, o time de Cuca recebe em casa a visita do Bahia, que luta contra o rebaixamento. Tudo isso entre semanas sem jogos e livres para a comissão técnica trabalhar ainda mais a equipe. Dá para acreditar, palmeirense?