A omissão que leva ao desânimo

Alexandre Mattos e Maurício Galiotte
Alexandre Mattos e Maurício Galiotte

Caros amigos palmeirenses,

Vivemos tempos difíceis. E o pior é que jamais imaginaríamos passar por essa situação em um ano que se projetava como 365 dias dourados. Estávamos só aguardando o desenrolar da situação. O Paulista? Seria baba. Copa do Brasil? Pelo menos semifinal. Libertadores? Segunda taça na nossa sala que ainda não existe. Brasileirão? G4 e briga até o final pela segunda taça. De fato o torcedor iria comemorar bastante.

Base de 2016 de jogadores mantida. Reforços pontuais…e os melhores! Borja e Guerra. Felipe Melo e Bruno Henrique. Eduardo Baptista tinha tudo na mão para fazer o time evoluir, e não fez. Caímos no Paulista. Caímos na Copa do Brasil com Cuca. Caímos na Libertadores com Cuca. Caímos no Brasileirão com o tampão Alberto Valentim.

Futebol não tem lógica, é fato. Futebol é sempre uma caixinha de surpresas e nem sempre o melhor e mais preparado vence. Isso também é uma verdade inexorável. Mas existe uma coisa que assusta o torcedor do Palmeiras mais ainda do que os ridículos resultados dentro das quatro linhas: a omissão.

Digo omissão de diretoria e também de jogadores. Digo omissão de um presidente que não consegue emitir sequer uma nota, dar uma coletiva ou mostrar algum tipo de preocupação. Não fala. Não acalma. Não dá caminhos. O executivo de ouro, Alexandre Mattos, também não se manifesta. Quanto tempo não concede uma coletiva para explicar o momento ao torcedor? Por que?

A Crefisa injetou muito dinheiro no time, na estrutura e no clube social. Além disso tem se envolvido cada vez mais na política e até trazendo alguns exemplos de gestão. Dizer que a financeira é um fracasso vai totalmente contra a realidade. A Crefisa cresce mais de 30% ao ano e só tem lucro atrás de lucro em suas operações. Quer mais? Não precisa.

O Palmeiras hoje é um clube que não consegue ter sucesso com dinheiro no bolso. Galiotte está pagando o alto preço de ter escolhido a patrocinadora e ter dado um chute no traseiro de Paulo Nobre e seus correligionários. Está pagando o preço por ser bonzinho e sempre tentar alinhar as coisas sem firmeza, sem determinação. O Palmeiras exige um gestor que bata na mesa, que dê coletiva, que se posicione. Será que se Galiotte tivesse se posicionado na noite que empatamos para o Cruzeiro seríamos assaltados em Itaquera? Será que se ele tivesse concedido uma coletiva firme e exigindo uma postura da CBF, não deixaríamos Itaquera pelo menos com um empate?

A torcida, que sustenta ainda mais os volumosos cofres alviverdes, está cansada de devaneios. Está cansada de ver projeção atrás de projeção e não ver resultados concretos. Ganhamos títulos nos últimos dois anos, é verdade. Mas com a estrutura, condição financeira e operações feitas era para o Palmeiras estar voando e ser a grande sensação do futebol brasileiro.

Me preocupou bastante a postura do time contra o Vitória. De verdade, me senti assistindo um clube qualquer da segunda divisão do Nacional. Jogadores tensos, errando passes de meio metro e não dominando as bolas. O Vitória fez três gols como o garoto bom da pelada marca contra um time de senhores de barriga grande. E o treinador do time de Salvador disse que iria atropelar o frágil Palmeiras. E conseguiu.

Ano triste. Ano desanimador. E pode colocar na conta o segundo título do rival em três anos. E lá onde está o dinheiro, o planejamento e todos os holofotes? Pois é.

Ou a diretoria coloca o foco no clube, senta e conversa com total discernimento das coisas, ou o ano de 2018 será a mesma coisa. Ou pior. O futebol não permite ensaios.