Conheça Guilherme, o garoto que abraçou e emocionou Zé Roberto

Jovem de 13 anos, que tem o sonho de ser jogador de futebol e fará teste no Palmeiras, invadiu o gramado do Allianz para abraçar o veterano, que o confundiu com seu sobrinho

Zé Roberto foi surpreendido por um garoto correndo em sua direção enquanto dava uma volta olímpica e acenava para a torcida após a vitoria do Palmeiras sobre o Botafogo, na segunda-feira, seu último jogo como atleta profissional. Quem viu de longe o abraço que o veterano deu na criança teve certeza de que se tratava de algum familiar. O próprio Zé Roberto se confundiu…

– Imaginei que fosse meu sobrinho e abracei. Quando olhei para ele, não era meu sobrinho (risos). Foi uma surpresa para mim – contou o ex-jogador e, a partir de janeiro de 2018, assessor técnico do Verdão.

Quem é, então, o garoto que fez Zé Roberto, 43 anos, se emocionar? O LANCE! ouviu palmeirenses que estavam no estádio e descobriu sua identidade: trata-se de Guilherme Dias Lacerda, 13 anos. E como ele foi parar no gramado?

– Quando acabou o jogo, ele já estava querendo pular. Eu falei para ele: “não pula, porque você vai se machucar e o policial vai te pegar”. Na hora que eu me distraí, porque eu estava filmando, ele pulou. Quando eu vi, ele estava lá dentro já. Ele pulou, deu um abraço no Zé Roberto e voltou. Ele ficou muito emocionado, chegou até a ficar triste, porque o Zé Roberto disse na hora que iria dar uma camisa e acabou não dando – conta o porteiro Moisés Lacerda de Jesus, pai de Guilherme.

– Eu falei para ele: “meu, você entrou para a história, você vai ficar marcado, toda vez que falarem da despedida do Zé Roberto você vai estar na imagem” – acrescentou.

Moisés e Guilherme não são frequentadores assíduos do Allianz Parque devido ao elevado preço dos ingressos. Eles “estrearam” no estádio no último sábado, quando o clube distribuiu entradas grátis para as finais do Campeonato Paulista nas categorias sub-11 e sub-15. Não iam a uma partida juntos desde a eliminação do time na Sul-Americana de 2010, diante do Goiás, no Pacaembu.

No sábado, como o pai teve de trabalhar, a família não chegou a tempo de ver o sub-11 ser campeão em cima do Santos. Mas eles assistiram atentamente ao título do sub-15 em cima do São Paulo.

– Quando o Guilherme viu a molecada jogando, ficou besta. Tinha moleque lá do tamanho dele. Ele até falou: “pô, pai, dá para eu jogar nesse campo aí”. Eu disse: “lógico que dá, é só a gente correr atrás”. Ele ficou muito feliz de ver aquela molecada jogando no Allianz Parque, ficou bestinha – lembra Moisés, que está tentando realizar o sonho do filho de se tornar um jogador.

Apesar de ser fanático pelo Palmeiras desde pequeno, Guilherme treina em uma escolinha do Santos. É a única perto de sua casa, no Jardim Guarujá, bairro próximo ao Capão Redondo, em São Paulo.

– Ele joga bem. Inclusive aqui no bairro o pessoal fala para investir, porque ele tem futuro. O problema dele é ser franzino, magrinho, mas ele tem habilidade com a bola, tem um bom passe, sabe driblar. Eu falo para ele que ele é diferenciado, mas precisa melhorar o físico. Estamos trabalhando nisso. O Palmeiras vai ter teste em março e eu vou levá-lo lá – elogia o pai-coruja.

A experiência de ver o Palmeiras de perto deixou Guilherme encantado. O pai conta que ele saiu do Allianz Parque já querendo saber quando será o próximo jogo e pedindo para ir à Academia de Futebol encontrar os jogadores.

– Desde pequeno ele é palmeirense, graças a Deus. Ele gosta principalmente do Dudu, mas sempre diz que o Zé Roberto joga muito também, até pela idade, pela posição. Então ele falou que tentaria pegar a camisa do Zé e aprontou aquilo lá (risos) – relata Moisés.?

A atitude de invadir o campo, inicialmente condenada pelo próprio pai, acabou sensibilizando a torcida do Palmeiras e Zé Roberto. O ídolo destacou a pureza do gesto:

– Foi gratificante, emocionante. Eu poderia receber o carinho de pessoas mais velhas, que já me conheciam de outros clubes, mas receber carinho de uma criança… A criança é pura. O abraço dele me mostrou que sou um referencial para ele. Me mostrou que represento alguma coisa – disse o veterano.

O dia seguinte ao abraço só não foi mais feliz para Guilherme porque ele se acidentou na escola, bateu a cabeça e teve de ir ao hospital para fazer exames. Foi só o susto.

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Guilherme com o pai, Moisés, no Allianz Parque (Acervo pessoal)