O que restou para nós, palmeirenses?

Por Thiago Gomes
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O discurso é um só. Depois da eliminação na Copa Libertadores da América pelo Barcelona-EQU, o torcedor do Palmeiras já decretou: “Acabou o ano”. O pênalti perdido de Egídio pareceu o estopim das enormes baterias de fogos das balsas que incendeiam os céus do Rio de Janeiro na virada do dia 31 de dezembro para o dia primeiro de janeiro. The end, game over.

A realidade é que a impressão de que o ano acabou ficou ainda mais evidente e triste após a Crefisa colocar mais de R$ 100 milhões no time e o torcedor aumentar em x100 a expectativa que tinha no ano. Ser campeão com o elenco que o Palmeiras tem era apenas uma questão de tempo, apenas uma questão de saber esperar.

Mas quem conhece um pouco mais de futebol sabe que nem sempre as coisas funcionam como o planejado. Temos aí diversos exemplos de times caríssimos e com elencos completíssimos que não deram certo, e elencos mais modestos com atletas ‘sem nome’ que alçaram voos maiores. Futebol não é uma ciência exata, já dizia o poeta.

Bom, aconteceu o desastre. Já era. O que temos em mãos agora e qual o norte que, na minha opinião, precisa ser tomado?

1) Uma conversa franca com o técnico Cuca. Alexandre Mattos e Maurício Galiotte precisam entender se o treinador vai abraçar mesmo o time e já traçar objetivos concretos. Deixar bem claro que não existe a questão de priorizar campeonatos e que todas as disputas são importantes, por isso o plantel é grande. Cuca tem que fazer dois times e gerenciar toda e qualquer expectativa, controlando o vestiário e deixando as coisas bem claras para alguns jogadores. Isso é fato;

2) Por vezes Cuca deu declarações desanimadoras que passou sentimento de ‘quero desistir’. A diretoria precisa confirmar se ele quer mesmo seguir;

3) Conversar com todos os atletas, um por um, e explicar que não existe vaga cativa. Explicar que se existir algum tipo de descontentamento por ficar no banco, procurar Cuca e a direção e jogar as claras. Essa atitude evita de bate pronto a criação de panelas internas dentro do grupo, situação que se torna nociva demais ao longo do tempo;

4) Aproveitar os jogos do segundo turno do Brasileiro e analisar quem não deve ficar em 2018. Olha que a lista é grande, hein?

5) Reforçar para aqueles que vão ficar que são importantes para o grupo e que títulos precisam ser conquistados em 2018 por conta de tudo que já foi feito. Vai ser preciso correr atrás do tempo perdido;

6) Cuca precisa definir o time titular que teremos em 2018. Vai jogar Moisés e Guerra no meio? Willian será o titular ou vamos insistir em Borja? Prass ou Jaílson? A lista de definições é grande e leva tempo. E agora temos essa lacuna que pode ser preenchida até dezembro;

7) Galiotte precisa definir se Mattos continua e conversar sobre contratações e dispensas. Qual critério será usado nas contratações?;

8) Para a torcida, resta apoiar e cobrar mudanças. Mais de mil palmeirenses cancelaram suas participações no programa de Sócio Torcedor, o Avanti. Essa não é a atitude mais inteligente a tomar no momento, apesar da compreensível revolta. O Avanti ajuda muito o Palmeiras a ser independente e tomar mais decisões por conta própria;

9) Focar na vaga para a Libertadores e se manter no G4. Repito: é difícil disputar o título porque o Corinthians está fazendo campanha bastante anormal baseado na fraqueza dos elencos pelo Brasil. Mas futebol é sempre uma caixinha de surpresas e a gente não sabe. Cinco derrotas seguidas do rival e cinco vitórias nossas podem ajeitar as coisas lá por outubro, novembro. Será que o ano terá sido jogado fora, mesmo?

Avanti!