Palmeiras: o balanço de 2017

O Palmeiras passou a régua em 2017 perdendo por 3 a 0 para o Atlético Paranaense. O resultado elástico não incomodou muito. Tivemos outros problemas muito maiores na temporada e alguns deles vou tentar reproduzir e explicar na coluna aqui postada.

Começamos o ano com todos os holofotes em cima. A chegada de Miguel Borja foi emblemática. Centenas de pessoas no aeroporto com bandeiras do Palmeiras e uma expectativa enorme no coração: o cara vai fazer a diferença. Com Alejandro Guerra e a manutenção do elenco Campeão Brasileiro de 2016, nada poderia nos parar. Seríamos candidatos para ganhar todos os títulos do ano.

A imprensa colocou pilha forte nisso. Muitos jornalistas elencaram o Palmeiras como o grande favorito em todas as competições. Fizeram até enquete de quem enfrentaríamos no Mundial. O próprio site da Globo montou um comercial fake anunciando Palmeiras e Real Madrid no Mundial de Clubes de dezembro. A expectativa do torcedor explodiu de uma certa maneira que até vitória por 1 a 0 gerava murmurinhos entre amigos. Como pode um time desse ganhar só de 1 a 0?

E aí veio a primeira paulada: derrota de 3 a 0 para a Ponte Preta em Campinas pela semifinal do Paulistão. E foi uma derrota acachapante. Fernando Prass não viu a cor da bola e teve atuação péssima na partida, assim como todos os outros. Ainda acreditando em virada, o torcedor acompanhou o elenco na Academia de Futebol e fez festa até o Allianz Parque. A magrinha vitória por 1 a 0 não impediu a passagem do time campineiro que, na final, foi massacrado pelo Corinthians.

O golpe mais duro que o torcedor palmeirense sofreu foi na Libertadores. A classificação heroica contra o Peñarol e a briga generalizada no Uruguai envolvendo Felipe Melo encheu o peito de esperança. Nas oitavas enfrentaríamos o ‘fraco’ Barcelona do Equador, disseram alguns. Time fraco, tem que passar.

Fora de casa perdemos por 1 a 0. Jogo na mão e tudo certo para trazer o empate na bagagem quando um chute despretensioso estufou nossas redes. Prass, de novo, foi acusado de não se esforçar no lance. Enfim, trouxemos a derrota e o sentimento de ter perdido de pouco. Vamos virar, claro.

O ambiente do jogo da volta não poderia ser melhor. Todos os ingressos vendidos, mosaico da torcida, festa, comemoração e bicho extra. Moisés marca o gol no segundo tempo e provoca a decisão por pênaltis. O racha começou ali, naquele momento. Deyverson disse que não iria bater e revelou incômodo na coxa. A imagem foi clara e passou na TV, deixando o torcedor palmeirense revoltado. Egídio pegou a bola e bateu o último pênalti. Bom, aí todo mundo já sabe.

A queda na Libertadores fez o presidente se pronunciar de forma confusa e parecendo as declarações da ex-presidente do Brasil. Atônito, Galiotte disse que “o importante era disputar todo ano”. Ou seja, se conseguirmos chegar nas quartas de final em 2018 já está de bom tamanho. Justo? Claro que não. Time de R$ 100 milhões tem que chegar mais longe, disse a imprensa.

A eliminação para o Cruzeiro veio para apimentar ainda mais a discussão. Com gol de Keno, estávamos nos classificando até os 40 do segundo tempo. Egídio falha, Mina falha e o time mineiro empata. Lembrando que na primeira partida no Allianz Parque, o Palmeiras saiu perdendo por 3 a 0 no primeiro tempo e arrancou empate na segunda etapa.

Naquele momento eram três competições perdidas. E o discurso da imprensa mudou. Agora o Palmeiras era o grande desastre do ano e muito dinheiro foi jogado fora. As colocações dos jornalistas impulsionaram os torcedores palmeirenses a acreditarem na conquista do Deca. E o time correspondeu em campo. Em partes, é verdade. A vitória contra o Atlético-GO e Fluminense trouxeram luz à possibilidade. A derrocada corintiana e os consecutivos placares adversos impulsionaram o pensamento veloz do torcedor alviverde.

Tínhamos duas chances de ouro para chegar perto: o Corinthians em Itaquera e o Vitória em Salvador. Eram os dois jogos que definiriam o que iríamos buscar. E definiram mesmo. Em Itaquera, o Palmeiras foi prejudicado pela arbitragem. Já tinha sido prejudicado pela arbitragem no jogo contra o Cruzeiro dias antes, em casa. Mas Maurício Galiotte decidiu não se indispor com a CBF. Depois do jogo conturbado na Zona Leste de São Paulo, Galiotte resolveu falar. Já era tarde. E a CBF, como sempre, nada faria.

A esperança era vencer o Vitória fora de casa. Não jogamos nada, nem para o gasto, e não trouxemos nenhum ponto. O Corinthians se aproveitou e retomou o caminho das vitórias, ratificando a sua sétima conquista. E o Palmeiras conseguiu ficar só com a fama de ‘vencedor de tudo’ em 2017. Culpa dos jornalistas? Culpa dos torcedores ansiosos? Culpa das expectativas? Difícil dizer e eleger um responsável.

O torcedor fez seu papel. Lotou a arena, viajou, incentivou, comprou camisas, protestou. Fez o que estava ao seu alcance. Apoiou até quando viu que o barco iria afundar. E afundou de fato. O palmeirense foi muito forte no ano em que todos esperavam um pouco mais.

A expectativa para 2018 não é das melhores, porém é nosso papel acreditar. Se em 2017 mesmo com dinheiro não conseguimos nada, por qual motivo 2018 seria diferente? Temos que apostar todas as fichas em Roger Machado, novo técnico. Que ele consiga integrar diretoria e jogadores de modo mais completo e viável e que consiga implantar um estilo de jogo consistente, evitando tomar tantos gols e fazendo uma maior produção no meio campo. Fechamos o Brasileiro com o melhor ataque faltando apenas um gol para empatar com a campanha de 2016.

Que o próximo ano venha verde, mais verde do que nunca. Nós acreditamos. Feliz 2018, galera alviverde.