Allianz ParqueInfeliz centenário, feliz aniversário: Palmeiras chega em alta aos 101 anos

Infeliz centenário, feliz aniversário: Palmeiras chega em alta aos 101 anos

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Da frustração pelo fiasco na negociação com Ronaldinho, passando pelo risco de um terceiro rebaixamento, Verdão se reergue com casa nova e elenco forte

Faltando poucas horas para a festa do centenário do Palmeiras, numa casa de eventos na zona sul de São Paulo, só se falava em Ronaldinho Gaúcho. Após semanas de negociação, havia a expectativa de que a contratação fosse anunciada a qualquer momento, e que o craque entrasse no salão como o grande presente no aniversário de 100 anos do Verdão. Mas não houve o esperado final feliz, e a frustração se somou a outras que assolavam o torcedor naquele 26 de agosto de 2014: a campanha ruim com o argentino Ricardo Gareca, o risco de um terceiro rebaixamento no Brasileirão, a indefinição sobre a inauguração da nova arena do clube…

O futebol é dinâmico, e o quadro mudou completamente para o Palmeiras em 12 meses. Se o centenário não foi feliz, o aniversário de 101 anos só apresenta motivo para comemorações. O Verdão agora tem um dos estádios mais modernos do país, uma fonte inesgotável de receitas, com shows, eventos e recordes de bilheteria em dias de jogos. O programa de sócio-torcedor é um sucesso estrondoso. Os patrocínios nas camisas somam R$ 50 milhões anuais. O elenco ganhou 25 reforços e é muito mais forte do que aquele que quase caiu de novo. E o time chega com a vantagem do empate para enfrentar o Cruzeiro no Mineirão, na noite desta quarta-feira, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

– Foi muito difícil o primeiro mandato, em 2013 e 2014 a duras penas plantamos algumas sementes e estamos colhendo alguns frutos agora. Mas é apenas o início de uma longa caminhada para deixar o Palmeiras no lugar que todo palmeirense sonha – disse o presidente Paulo Nobre, durante a festa de aniversário do clube, na última segunda-feira, em São Paulo.

Entenda abaixo como, em um ano, o Palmeiras conseguiu dar uma reviravolta em sua história:

FINANÇAS

Em março de 2013, três meses após assumir o Palmeiras, Paulo Nobre tentava tirar o clube de uma situação caótica. As receitas do ano já haviam sido antecipadas por gestões anteriores, e o Verdão não tinha dinheiro em caixa. O presidente não teve dúvidas: foi ao mercado financeiro e tomou mais de R$ 100 milhões em empréstimo, em seu próprio nome, para repassar ao clube, com juros menores do que seriam cobrados da instituição, diretamente.

Hoje em sua segunda gestão, o mandatário se vê em um cenário oposto: da arena ao patrocínio, passando por elenco e força da torcida, o Palmeiras atingiu a saúde financeira. Paga seus atletas em dia e respira aliviado, podendo voltar as próprias preocupações mais para o que acontece dentro do campo do que fora dele. O déficit que se arrastava desde a gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo, nomeado como “herança maldita” pelo comando seguinte, de Arnaldo Tirone, ficou no passado.

ESTÁDIO

A arena do Palmeiras é um fenômeno. Desde que foi inaugurado, em novembro do ano passado, o estádio manteve alta média de público, e esgotar os ingressos tornou-se prática recorrente da torcida alviverde. A conturbada relação com o Pacaembu, casa do Verdão durante a construção do moderno campo, deu lugar a um caso de amor entre torcida e a nova versão do Palestra Italia.

Hoje, a média é de 30.366 pagantes por jogo – a segunda maior do país na temporada, atrás apenas do rival Corinthians. Já são R$ 50.242.465 de renda bruta em 2015: nenhum clube brasileiro arrecadou tanto dinheiro com seu estádio neste ano.

Projetado para receber eventos extra-futebol, como shows e eventos não-relacionados ao esporte em geral, o estádio é um sucesso neste sentido. Apesar da conturbada relação entre Palmeiras e W Torre, construtora responsável pela nova casa alviverde, a arena já se firma como cartão postal da cidade.

SÓCIOS-TORCEDORES

Desde o último aniversário do clube, o Palmeiras triplicou seu número de sócios-torcedores. Hoje, são 129.493 participantes do Avanti, número que credencia o Verdão como segundo maior deste quesito no país, atrás apenas do Internacional. O programa fidelizou os torcedores, criando um ranking de acordo com a frequência nos jogos: quem vai mais às partidas têm prioridade na compra de bilhetes. Os ingressos de setores mais baratos para as partidas na arena sempre são esgotados em questão de minutos.

O marketing do Palmeiras passou a agir forte em cima dos sócios-torcedores. Alexandre Mattos como garoto-propaganda, além de diversas promoções e oportunidades para quem paga as mensalidades em dia. O clube constantemente promove encontros de sócios com ídolos, visitas ao centro de treinamento, entre outros eventos.

PATROCÍNIO

José Roberto Lamacchia e Leila Pereira: eles nunca entraram em campo pelo Palmeiras, mas têm uma importância gigantesca para o clube. Os empresários são donos da Crefisa e da FAM, patrocinadores responsáveis por 40 dos R$ 50 milhões que o Verdão tem em receita com os espaços vendidos no seu uniforme. A empolgação envolvendo a reformulação da equipe após um 2014 complicado refletiu (e muito) no aporte financeiro depositado no clube.

GESTÃO NO FUTEBOL

Diretor de futebol do Cruzeiro na campanha que levou o time mineiro ao bicampeonato brasileiro em 2013 e 2014, Alexandre Mattos chegou com status de ídolo do Palmeiras. Abalou as estruturas do departamento de futebol do clube ao reformular completamente o elenco: o volante Thiago Santos, anunciado pelo Verdão na última terça, foi o 25º reforço em 2015. Com o gerente Cícero Souza como auxiliar, “Mittos” – como foi apelidado pelos alviverdes – devolveu ao torcedor a confiança em um time forte e competitivo.

Se na gestão anterior, com José Carlos Brunoro como executivo, não se sabia ao certo quem comandava o futebol do Palmeiras, hoje Mattos responde pelo departamento sem grandes interferências do presidente Paulo Nobre. Conhecido por agir rápido no mercado e ter bom trânsito com as diretorias de outros clubes, o diretor trabalha sem alarde e mantém o elenco do Verdão pronto para não se abalar por imprevistos.

NOVO COMANDO

Oswaldo de Oliveira começou o ano como treinador do Palmeiras e conduziu a equipe ao vice-campeonato paulista – título perdido nos pênaltis para o Santos. Desgastado após a instabilidade do Verdão no início do Brasileiro, acabou demitido para dar lugar a Marcelo Oliveira, treinador do Cruzeiro no bi nacional. O aproveitamento subiu, e hoje o time luta por uma vaga no G-4: é o quinto colocado, com 31 pontos, apenas dois atrás do Fluminense, primeira equipe dentro da zona de classificação à Taça Libertadores da América.

Até aqui, Marcelo acumula nove vitórias, um empate e cinco derrotas, em 15 jogos disputados. Internamente, o treinador é elogiado por ter renovado o ambiente, que estava voltando a ser de pressão nos últimos dias do antecessor. O mínimo que a diretoria espera é disputar a Libertadores em 2016 – seja com vaga via G-4 do Brasileirão ou título da Copa do Brasil.
BASE MAIS FORTE

As coisas não mudaram somente no departamento de futebol profissional do Palmeiras. Inspirado por Gabriel Jesus, joia da base alviverde que subiu para a equipe principal neste ano, o Verdão agiu para aumentar o aproveitamento das pratas da casa. João Paulo Sampaio, que trabalhava no Vitória, foi contratado. Hoje, o clube tem uma filosofia “curinga”: testa jovens atletas em diversas posições, de maneira a encontrar a melhor forma de aproveitá-los.

No ano passado, quando o Palmeiras quase caiu para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro pela terceira vez, diversos atletas da base foram testados na “fogueira”. No empate por 1 a 1 com o Atlético-PR, pela última rodada da competição nacional, seis dos 11 jogadores que começaram a partida eram oriundos do próprio clube.

Com a reformulação do elenco, as chances dos garotos diminuíram, e muitos foram emprestados. Gabriel Dias, Luiz Gustavo, Victor Luís, Deola, Patrick Vieira… Hoje, do time-base titular comandado por Marcelo Oliveira, nenhum atleta é da base. Nos próximos anos, a tendência é que isso mude cada vez mais.

Fonte: Globo Esporte

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