Arnaldo Tirone: “Minha gestão teve acertos e erros”. Confira a entrevista exclusiva!

Ex-presidente concedeu entrevista exclusiva para o Palmeiras Online.

Arnaldo Tirone, ex-presidente do Palmeiras
Arnaldo Tirone, ex-presidente do Palmeiras

Por Thiago Gomes
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A política do Palmeiras sempre foi um turbilhão. Às vezes o clima fica calmo, às vezes fica mais complicado. O momento atual é de tranquilidade apesar de algumas discussões e costuras que estão sendo realizadas.

Na noite desta terça-feira, o ex-presidente Arnaldo Tirone reuniu conselheiros em uma pizzaria no bairro da Pompéia e conversou sobre alguns assuntos. Entre eles a questão da presidência e da vice presidência do Conselho Deliberativo. Uma reunião no dia 06 de março deve definir a situação e também analisar o caso de impugnação da candidatura de Leila Pereira, dona da Crefisa e atual patrocinadora. Sócia desde 1996, correligionários de Paulo Nobre apontam irregularidades no título.

Conversamos com Tirone após o evento. Confira com exclusividade:

Como que você avalia a sua gestão? Fomos Campeões da Copa do Brasil e acabamos rebaixados no mesmo ano. Qual a sua avaliação?
Arnaldo Tirone: O que aconteceu foi o seguinte: conheço muito bem a história do Palmeiras e o clube passou por vários momentos difíceis. Houve uma grande transformação com o projeto da nova arena do Palmeiras (Allianz Parque). Quando nós assumimos, assumimos um clube em obras e sem investimento algum. O clube teve alguns investimentos na gestão anterior. Naquele momento tínhamos um clube complicado economicamente e não havia dinheiro em caixa e havia um passivo muito grande.

Todos os presidentes de clubes, como acompanhei a história do Palmeiras desde meus 8 anos já que sou sócio há mais de 60, nunca pegaram uma folga financeira. Nunca houve uma folga financeira. Exceto na época da Parmalat que o clube foi forçado a se organizar financeiramente. Todo presidente e ex-presidente erra e acerta, não consegue acertar tudo. Naquele momento foi um grande desafio para mim e eu tentei dar o meu melhor. Fomos Campeões da Copa do Brasil. Tivemos muitos ganhos nesses dois anos como por exemplo as aberturas das lojas do Palmeiras (Academia Store). Enfrentamos uma enorme dificuldade porque a Adidas não queria vender camisas do clube em outros lugares que não fossem lojas próprias. Mas nós conseguimos abrir as lojas do Palmeiras que hoje é considerado um grande sucesso.

O contrato que foi assinado com a Meltex (que controla a Academia Store) gerou uma luva para o Palmeiras no valor de R$ 40 milhões. Uma parte entrou para a nossa gestão e outra parte foi para a gestão do Paulo Nobre. Nós renegociamos quase R$ 178 milhões de passivo sendo que R$ 50 milhões era passivo vencido. Eu acredito que nós tivemos algum sucesso principalmente também pela questão do Avanti, que foi lançado na nossa gestão e nesse modelo que está aí.

Eu vejo a minha gestão com mais acertos do que erros. O episódio do rebaixamento foi uma coisa atípica. A situação que encontramos ao assumir não permitia que se investisse muito dinheiro no futebol. Nós privilegiamos a organização do clube e equalizamos a parte financeira, tanto que na nossa gestão não houve atraso de pagamento de salário como falam por aí. Basta perguntar para todos os atletas que passaram pela nossa gestão.

O importante é que nós fizemos o nosso melhor e entregamos o clube melhor do que nós encontramos. Não estou criticando o meu antecessor e entendo que o Belluzzo também tem seu mérito principalmente na questão da arena. Ele trabalhou muito para formatar o projeto da arena.

O Palmeiras hoje vive um momento mágico principalmente pela arena. Passamos dois anos jogando em outros estádios sem condições e pagando aluguel. Canindé, estádio da Portuguesa, Barueri, Pacaembú dando prejuízo…jogamos no interior e que isso é muito difícil. É desgastante. Na nossa gestão o Palmeiras caminhou alguns passos.

Ainda sobre o rebaixamento, eu nunca imaginava que isso poderia acontecer, mas é claro que eu temia. O Campeonato Brasileiro é um campeonato cruel porque são dois turnos e você joga um jogo em casa e um jogo fora. Se você não vai bem no primeiro turno, recuperar no segundo é muito difícil. Depois da Copa do Brasil nós perdemos oito jogadores. O elenco já era limitado. Na nossa gestão nós contratamos por empréstimo e aquisição 19 jogadores, mas a maioria deles vieram por empréstimo porque o Palmeiras não tinha muitos recursos para investir.

Se você tivesse nas mãos o que o Paulo Nobre teve (arena, Avanti bombando e os patrocinadores), as coisas seriam diferentes? Na época o senhor fechou com a Kia, que era um dos maiores do Brasil. Como que você avalia?
Arnaldo Tirone: A Kia realmente foi o maior patrocínio do Brasil na época. Até recebi ligações do presidente do São Paulo que me perguntou como eu tinha conseguido, já que o maior contrato que chegou lá foi R$ 12 milhões.

A gestão do Paulo Nobre também foi muito difícil. Ele também não tinha estádio. Com dois anos de mandato você demora pelo menos um ano para se organizar no clube. No segundo ano, já está terminando o mandato. O Palmeiras só saiu daquele inferno astral que se encontrava após a inauguração da arena. Antes da inauguração, o Avanti tinha poucos sócios. Se não me engano eram 12 ou 15 mil. Quando chegou perto da inauguração foi que o Avanti começou a expandir.

Houve uma grande mudança a partir de dezembro de 2014. Em janeiro de 2015 veio a Crefisa patrocinando o Palmeiras. Em dezembro, o Zé Roberto (José Roberto Lamacchia, marido de Leila Pereira, presidente da Crefisa) foi no último jogo do campeonato e quase viu o Palmeiras ser rebaixado. A partir daquele momento, o Zé Roberto, que é palmeirense roxo, e a Leila também, resolveram ajudar o clube. Em janeiro procuraram o Palmeiras e fecharam o patrocínio.

Existe ainda uma discussão sobre a entrada da Leila Pereira e do José Roberto Lamacchia no Conselho Deliberativo do Palmeiras. Como que você vê essa situação?
Arnaldo Tirone: Eu vejo de uma maneira bastante diferente. Eu acompanhei a vida do clube e lembro do título (que a Leila Pereira tem de sócia) que foram passados à ela. Eu acho que eles estão fazendo muito pelo Palmeiras, são palmeirenses fanáticos. O Zé Roberto é roxo e sofre muito pelo clube. A Leila foi eleita legitimamente com mais de 200 votose o Zé Roberto com mais de 60. É um momento mágico do clube e não vejo qualquer tipo de problema. É uma polêmica que está sendo lançada e não terá a menor chance de vingar. É legítima a candidatura dela (Leila Pereira).

Qual que é a sua ambição política no clube hoje? Qual a sua ideia, o que você apoia, o que você acredita?
Arnaldo Tirone: Como eu disse, o momento do Palmeiras é um momento mágico. Nós temos uma renovação no clube e essa renovação deve ser acompanhada de uma experiência. O Palmeiras tem que mesclar novas cabeças que estão aparecendo no clube, como o atual presidente, mesclado com a experiência. Os ex-presidentes e as pessoas mais antigas do Palmeiras querem o bem do clube, sempre. Eu acho importante essa mistura.

O Palmeiras está bem servido. Eu vejo um clima político mais ameno do que encontrei na época. No meu mandato eu tive muita oposição. O ex-presidente Paulo Nobre teve menos. O Palmeiras está entrando num clima muito bom e eu acho que muitas coisas boas vão chegar em 2017 e 2018.