Especialista defende acordo do Palmeiras: ‘Times deviam procurar suas Crefisas’

O presidente Mauricio Galiotte, da SE Palmeiras, concede entrevista coletiva com a presidente da Crefisa, Leila Pereira (E), para anunciar a renovação do contrato de patrocínio com o clube, após treinamento, na Academia de Futebol.
O presidente Mauricio Galiotte, da SE Palmeiras, concede entrevista coletiva com a presidente da Crefisa, Leila Pereira (E), para anunciar a renovação do contrato de patrocínio com o clube, após treinamento, na Academia de Futebol.

O coordenador da sétima edição da Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros do Itaú BBA, César Grafietti, afirmou que os críticos à relação do Palmeiras com sua patrocinadora master, a Crefisa, deveriam ocupar o tempo buscando resultados financeiros equivalentes aos conquistados pelo Palmeiras nos últimos dois anos.

Por causa do contrato com a empresa, o clube paulista teve um crescimento “desproporcional”, segundo o estudo, nas receitas com publicidade, que engloba também recursos para pagar salários e comprar atletas. Passou de R$ 23 milhões em 2014 para R$ 97 milhões em 2016.

“Existe um inchaço no Palmeiras (por conta dos investimentos da Crefisa)”, avalia Grafietti. “Em vez de criticar o Palmeiras e a Crefisa, os clubes deveriam buscar marcas que mais se identificam com esses clubes. Eles deveriam procurar suas ‘Crefisas’”

No ano passado, a Crefisa foi responsável por 17,6% de todas as receitas com publicidade nos clubes de futebol do Brasil. Em 2015, a fatia já era expressiva, representando 15%. Com exceção desses números, o cenário das receitas de publicidade no futebol brasileiro não é tão positivo assim.

Apesar do volume expressivo e fora da curva das receitas publicitárias do Palmeiras por causa da Crefisa, um eventual rompimento de contrato não representaria um futuro imediatamente trágico para o clube. Segundo o estudo, a capacidade de investimentos diminuiria, mas não tornaria o clube inviável financeiramente.

Se observado dentro do setor publicitário brasileiro, que investiu quase R$ 130 bilhões no ano passado, o futebol continua sendo um meio de pouco apelo, atraindo apenas 0,4% desse valor. O crescimento dessa taxa entre 2015 e 2016 foi de apenas 0,01%. “É uma deficiência que uma indústria desse tamanho, que atinge tanta gente, não consiga se apropriar de um mercado que investe R$ 130 bilhões mesmo num ano de crise”, opina Grafietti.

Para ele, o baixo crescimento em receitas de publicidade nos últimos anos não é apenas fruto de um cenário macroeconômico desfavorável – e que, em tese, justificaria a baixa nos investimentos por parte das empresas. Ele argumenta que o futebol no Brasil ainda não conseguiu instituir uma cultura de valorização das marcas.

“Os dirigentes precisam ter conhecimento de sua marca, do seu torcedor e de qual a estratégia de marketing para atrair o patrocinador correto. Hoje, é mais exposição da marca, sem um relacionamento entre o clube as empresas buscando um melhor retorno para os dois”.

Além do Palmeiras, Flamengo e Corinthians continuam com a maior parte das receitas de publicidade no futebol do País. Juntos, os três times representaram 41% do total, em 2015, e aumentaram a presença para 43% no ano passado.