Cuca, Mattos, Mustafá, Melo… Entenda quem é quem na crise do Palmeiras

Verdão convive com pressão dentro e fora de campo após eliminações recentes. Time de Cuca é o quarto colocado no Brasileirão, mas não vence há três rodadas

Alexandre Mattos, executivo de futebol do Palmeiras
Alexandre Mattos, executivo de futebol do Palmeiras

De time candidato a títulos em 2017 e dono de um dos melhores elencos do futebol brasileiro para uma equipe em crise convivendo com forte pressão. Assim pode ser resumida a história do Palmeiras na atual temporada. Pelo menos até o mês de agosto.

Mas a cobrança não está apenas dentro de campo depois do alto investimento em reforços. Se a equipe não vence há três rodadas no Brasileirão, nos bastidores o clima também anda bastante agitado, com pressão de conselheiros, questionamentos ao trabalho de Cuca e até ameaças de morte ao diretor de futebol Alexandre Mattos.

O GloboEsporte.com mostra abaixo quem são os personagens do momento turbulento que o Verdão tenta superar para, pelo menos, terminar 2017 com uma vaga na próxima edição da Taça Libertadores.

Veja o quebra-cabeça da crise alviverde:
Maurício Galiotte
Antes questionado por ter um perfil mais distante do futebol, o presidente do Palmeiras passou a ser uma figura presente na Academia de Futebol nas últimas semanas. Quase diariamente, o dirigente é visto em campo assistindo aos treinamentos, às vezes acompanhado por outras figuras importantes do mundo político alviverde, como o vice Antonino Jesse Ribeiro e o presidente do Conselho Deliberativo, Seraphim Del Grande.
Cobrado por conselheiros e torcedores para mudar o rumo do clube, Galiotte tem mantido uma postura firme de defesa a Alexandre Mattos e ao profissionalismo do departamento de futebol. A ideia continua ser a de manter Cuca no comando da equipe, independentemente da sequência negativa de resultados.

Alexandre Mattos
É para ele que se viram os holofotes do Palmeiras nas derrotas. Contratado em janeiro de 2015, já conquistou uma Copa do Brasil e um Campeonato Brasileiro, mas convive com questionamentos de alguns conselheiros sobre os gastos com o futebol. Foram na gestão dele também as principais vendas do Verdão nos últimos anos – Gabriel Jesus por 32,7 milhões (R$ 121,1 milhões na cotação da época) de euros e Vitor Hugo por 8 milhões de euros (R$ 27,5 milhões).

Na atual temporada, Mattos montou uma equipe com destaques internacionais (casos de Miguel Borja, Alejandro Guerra e Felipe Melo), mas viu o time chegar ao mês de agosto precisando improvisar nas laterais, por exemplo. Ameaçado de morte por causa da má fase do clube, ele tem grande respaldo por parte da presidência.

Cuca
Campeão brasileiro no ano passado, retornou ao clube em maio, quando Eduardo Baptista não conseguia convencer torcedores e dirigentes. Na prática, porém, o trabalho do treinador ainda não deu resultado. Para manter viva a esperança de conquistar um título em 2017, abriu mão do Brasileirão e priorizou a Copa do Brasil e Libertadores. O problema é que acabou eliminado nas duas competições e retornou para a disputa do torneio nacional com uma briga limitada ao G-4 e sem um padrão definido para o time titular.

Ídolo da torcida, ele chegou como unanimidade, mas passou a ter o trabalho questionado por parte dos palmeirenses. Neste período, teve problemas táticos e de relacionamento com Felipe Melo, hoje afastado do elenco. O técnico possui contrato até o fim de 2018. A saída dele no fim desta temporada, porém, não está descartada. Nesta terça-feira, a principal organizada do Verdão protestou e pediu a saída de Cuca do Verdão.

Leila Pereira
A empresária mantém canal aberto com os torcedores do Verdão nas redes sociais. Sorteia ingressos e recebe palmeirenses em seu camarote nos jogos na arena. Fora de campo, ela investiu mais de R$ 100 milhões em contratações, além dos R$ 6 milhões mensais pela exposição das marcas de suas duas empresas. Apesar do momento turbulento, Leila mostra extrema confiança no trabalho de Mattos e Galiotte.

Eleita em março para o Conselho Deliberativo do clube com votação recorde, ela não tem poder de decisão no futebol, mas passou a ser uma figura importante politicamente. Não por acaso, já sinalizou que pode se candidatar à presidência no futuro.

Felipe Melo
Contratação de impacto no início da temporada, o volante vem assistindo pela televisão os piores momentos do Palmeiras em 2017. Por causa de problemas de relacionamento com Cuca, ele foi afastado pela diretoria e tem treinado na Academia de Futebol em horários alternativos.

Os advogados do atleta já notificaram o clube duas vezes, uma por assédio moral por não poder treinar ao lado dos companheiros e uma reclamando de vazamento dos valores de seu contrato por um conselheiro. Ainda não há uma definição sobre o futuro do jogador. Caso não rescinda o contrato, o retorno ao time só aconteceria se Cuca deixasse o clube.

Paulo Nobre
O ex-presidente encerrou sua gestão no fim do ano passado e não mantém ligação com a atual administração. O grupo de Nobre defendia a impugnação da candidatura de Leila Pereira ao Conselho Deliberativo. O órgão, porém, apoiado pela influência do grupo político aliado a Mustafá Contursi, ratificou a decisão do pleito realizado na sede social, em fevereiro. Depois de emprestar mais de R$ 200 milhões ao clube, ele se afastou da vida política do Verdão.

Mustafá Contursi
É uma das figuras mais influentes dos bastidores. Presidente de 1993 a 2004, ele apoiou a escolha de Maurício Galiotte na sucessão de Nobre – o ex-vice-presidente liderou chapa única em pleito realizado em novembro do ano passado.
Na atual temporada, viu seu candidato à presidência do Conselho Deliberativo vencer disputa no órgão, que ratificou a eleição de Leila Pereira. O dirigente, que se recupera de um problema de saúde, já se posicionou publicamente contra os gastos e a quantidade de jogadores contratados pelo clube, atacando diretamente Alexandre Mattos.

Elenco
O Palmeiras ainda não conseguiu render como time em 2017. Sempre que mostrou evolução e tentou engatar uma série regular na temporada, o time falhou em algum momento importante. Foram poucas as apresentações de qualidade indiscutível.
Prova da inconstância palmeirense é a procura por uma formação titular. Na tentativa de encontrar uma base, houve mudanças no gol, na zaga, nas laterais, no meio de campo e no ataque. Apesar dos reforços de peso, ninguém virou referência no Verdão.