O dia que nunca mais será esquecido

Bandeirão do Palmeiras
Bandeirão do Palmeiras

2014. Final do ano. Quase confirmamos o terceiro rebaixamento de nossa história. Allianz Parque recém-inaugurado e muita coisa confusa ainda. Um novo momento. Saímos da série B, voltamos para a série A e quase caímos novamente. Conseguimos reviver e respirar.

2015 começa com um novo rumo. O Palmeiras, sob o comando de Paulo Nobre, tem o patrocínio da Crefisa e refaz o programa de sócio torcedor Avanti. O torcedor palmeirense abraça e contribui. Logo na primeira disputa chegamos na decisão do Paulistão. Perdemos nos pênaltis para o forte time do Santos. Mas naquele momento consideramos que chegar na final foi importante pois depois de anos brigamos por títulos (exceto 2012 que fomos Campeões da Copa do Brasil, porém caímos para a série B).

No final do referido ano, chegamos na decisão da Copa do Brasil e levantamos a taça contra o mesmo rival. Nos pênaltis, Fernando Prass converte a última cobrança e confirma a taça nacional. Novos tempos. Duas decisões em um único ano…há quanto tempo não víamos isso?

O ano de 2016 começa com todo gás. Com Gabriel Jesus e um elenco forte, fomos ganhando pontos atrás de pontos no Brasileirão. Contra a Chapecoense, confirmamos o título. Campeão Brasileiro. Dois títulos nacionais em dois anos. A reestruturação deu certo e trouxe resultados efetivamente. Contas em dia, patrocínio forte, torcedor colaborando. Tudo fluindo.

Na eleição de Maurício Galiotte como presidente, o racha entre Nobre e Leila acontece em 2017. Maurício opta por seguir ao lado do patrocinador. Nobre se afasta. As coisas continuam exatamente como estavam. Começamos o ano ano bem e chegamos na semifinal do Paulistão. Perdemos o primeiro jogo para a Ponte Preta por 3 a 0 e não revertemos aqui no Allianz Parque. Resultado? Presa fácil e o Corinthians foi campeão sem sustos.

No Brasileiro, patinamos. Na Libertadores, caímos em casa para o Barcelona do Equador. E assistimos o rival jogo pós jogo, com ajudinhas discretas aqui e ali, subir na classificação. Era tarde, eles levaram o Nacional.

O Palmeiras começou 2018 com expectativa alta. Mais reforços, chegou Lucas Lima, Gustavo Scarpa. Iniciamos o Paulistão com boas vitórias, subindo e confirmando a classificação como os melhores da primeira fase. Borja artilheiro, liderança garantida. Encaramos o Santos e passamos. Chegamos na final mais uma vez. A segunda final em três anos. Aí o que aconteceu?

No primeiro jogo em Itaquera, antes mesmo da bola rolar, nossa torcida foi atrás do perfil do juiz e viu que ele era corintiano. Viu que a família dele comemorava gols com muita ênfase. Esses prints foram divulgados e ele teve até que atuação discreta (tirando a expulsão absurda de Felipe Melo). O Palmeiras ganhou o jogo e trouxe a vantagem para casa.

Durante a semana não se viu grandes manifestações do lado de lá. O presidente deles, que é deputado e tem enorme influência na Federação Paulista de Futebol, disse com toda calma do mundo que o resultado seria revertido. Confiança demais? Foi divulgado que o juiz da partida tem um bar em Itaquera. Todos sabemos que o bairro é recheado de corintianos. Na parede do estabelecimento uma foto do presidente deles sorrindo com o dono.

O Palmeiras ganha a queda de braço e faz o treino aberto no sábado. Irritou a Federação, irritou a PM e irritou o rival. O juiz já tinha sido escalado e com histórico complicado.

Outro ponto questionável: o Palmeiras não teve pênalti a seu favor contra o rival desde 2009 quando Obina converteu. Passaram-se mais de 20 jogos e nada da infração assinalada. Segue o jogo.

Começa a decisão e tomamos o gol. Normal, é clássico. Acontece. Erros acontecem. O Palmeiras empata e o juiz anula. Diversas câmeras mostraram que não estava impedido, mas ele seguiu com o impedimento e não consultou ninguém. NÃO CONSULTOU NINGUÉM.

Ralf derruba Dudu na área e ele dá pênalti. A torcida comemora e se inflama. Se o pênalti fosse convertido, dificilmente o rival tiraria o empate do placar e o Palmeiras seria Campeão Paulista. Mas ele foi alertado pelo quarto árbitro que “não foi pênalti”. Cinco minutos depois, voltou atrás e não deu.

O quarto árbitro foi avisado pelo quinto árbitro, que viu pela TV. As imagens do Esporte Interativo mostraram o aviso e toda a palhaçada. Ou seja, a decisão do juiz foi influenciada por interferência externa, sim. Foi comprovado pelas imagens. Mas o Palmeiras resolveu cobrar o escanteio e ficou por isso mesmo.

Pênaltis é loteria. Perdemos em casa, eles comemoraram o título roubado dentro da nossa casa. Além disso, como se não bastasse, adesivaram nosso vestiário com os símbolos deles e ainda por cima contrataram helicóptero para nos provocar, com o escudo deles e corintianos dentro. Agiram como bandidos e anti-éticos, sem respeitar o lugar onde estavam, sem respeitar a rivalidade.

A sensação que o palmeirense teve após o jogo não foi a sensação de derrota, de ter perdido o título. Foi a sensação de ter sido passado para trás, como se um bandido tivesse invadido sua casa e levado um pertence importante. Perder faz parte do futebol e a gente entende. Perdemos a classificação para a Libertadores contra o Barcelona na bola, eles foram melhores. Os 3 a 0 contra a Ponte Preta ano passado foi total incompetência nossa. Fora as derrotas que nos tiraram da disputa do Campeonato Brasileiro ano passado e derrubaram Cuca do comando técnico. Derrotas acontecem e o torcedor sabe exatamente o limite entre o erro no campo e o erro fora dele.

Perdemos um título estadual em casa fora do campo. Perdemos porque o Palmeiras assinou com o Esporte Interativo e socou a Globo. Ex-funcionário deles admitiu em rede social que recebia ordens para falar mal do time, criticar o clube e criar um climão. Não falam o nome da nossa arena como se deveria. A Federação Paulista virou nossa inimiga. A Polícia Militar protege apenas os interesses do rival. E assim por diante.

Antes de iniciar o clássico contra o Corinthians temos todos esses tampões para tirar. Temos todos esses obstáculos para pular, tornando-se cansativo e complicado. A briga começa sempre fora de campo.

Mas, e agora?
Agora é hora do Palmeiras se posicionar. Maurício Galiotte falou após a partida e tratou o título como “Paulistinha”. Não é verdade, senão não disputaríamos e não lotaríamos os estádios por onde o clube jogou. O Paulista é importante, sim. Mas quando disputado no campo, não fora dele.

Tem que proibir os funcionários da TV Globo de cobrirem os treinos do Palmeiras e limitar informação. Tem que proibir os jogadores de irem no programa do Neto (outro que fez de tudo para influenciar fora de campo). Tem que protestar na Federação Paulista ou até se desfiliar, criar uma nova entidade, não sei.

Cada vez que um juiz for escalado, estudar o histórico. Tentar entender como ele se comportou nos jogos do rival e analisar friamente. Se não for de acordo, protestar. Deixar clara a situação para o torcedor e criar a pressão antes mesmo do jogo começar. Não podemos mais aceitar roubos.

Somos organizados financeiramente, o clube que mais contrata, que tem os melhores jogadores, que é pioneiro, que tem a melhor arena da América Latinha, que tem milhões de torcedores apaixonados e que bancam dois terços da receita…e as taças vão para um clube que deve, postado nas páginas policiais com certa frequência e com um elenco muito mais ou menos, cheio de refugos de caráter duvidosos, sem qualquer ética esportiva.

Ou tomamos algumas atitudes drásticas, ou vamos sofrer cada vez mais. Como eles são safados, comemorar títulos roubados e estádio construído com dinheiro público não os incomodam, até aumentam o combustível por mais atos ilícitos. Eles nasceram assim, eles são assim. Nós, não.