Esqueçam a ideia de teoria de conspiração e choro de perdedor antecipado. Não é nada disso. O Palmeiras tem total condição de vencer o clássico e trazer um grande resultado para o Allianz Parque. Mas saibam que as coisas não serão tão fáceis assim, apesar do elenco alviverde ser infinitamente superior ao elenco do Corinthians e ter mais tradição e histórico positivo em decisões desse tipo.
Não teremos apenas o rival alvinegro do lado de lá. Teremos a Federação Paulista de Futebol e a imprensa, quase em sua totalidade.
Falando um pouco, bem pouco, sobre a Federação.
Corinthians e Red Bull nas quartas de final. Os elencos foram testados. Pasmem, 26 pessoas da delegação do Bragantino tiveram resultados positivos para o novo coronavírus. VINTE E SEIS. Quantidade exorbitante e irreal e que só se justificaria se todos tivessem saído para um evento fechado ao longo da semana, fato que com certeza não aconteceu.
Momentos antes da partida, o hospital divulgou que os resultados estavam errados e que ninguém estava infectado. Ou seja, o medo e a desconfiança já haviam se alastrado entre todos do elenco. Sem cabeça, o melhor time da primeira fase do Paulista perdeu a classificação. Afinal, quem estaria com a consciência no lugar sabendo que poderia estar infectado e que poderia ter passado a doença para algum ente querido?
Ainda no jogo contra o RB, Fágner deu entrada desleal em Morato. Desleal mesmo. Daquelas que se pega a lesão seria gravíssima. O próprio técnico do Bragantino falou em agressão gratuita. Veja no vídeo.
Quem deu cartão amarelo sem ao menos consultar o VAR foi Rafael Claus. Ninguém da cabine do VAR chamou o árbitro para elencar o tamanho da agressão. Fágner ficou só com o amarelo mesmo e o Corinthians se classificou.
No jogo das semifinais, o Mirassol estava infinitamente melhor que o Corinthians na partida. Tocando bem a bola, invertendo o jogo e criando oportunidades. Eis que Rafael Claus, que estava na cabine do VAR, entrou em jogo novamente.
Juninho, do Mirassol, entrou de forma dura no jogador alvinegro. Não estou falando que não merecia cartão, longe disso. Mas não merecia ser expulso, vermelho direto. Veja o lance e compare com o lance acima.
O que Rafael Claus fez? Chamou o árbitro no fone e recomendou a expulsão. Juninho foi expulso e o esquema montando pelo Mirassol definhou, obviamente. Mas o escárnio não para por aí.
Mesmo com dez em campo, o time do interior foi para cima e criou mais algumas oportunidades. Em lance dentro da área de Cássio, Gil pisou no jogador do Mirassol, que caiu e pediu pênalti. Adivinha? Nem o árbitro de campo e nem Claus entenderam assim, e o jogo prosseguiu. Veja o lance da penalidade.
O tumulto dos testes
Para criar ainda mais um ambiente hostil, o Corinthians disse ao presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro de Bastos, que não gostaria de fazer novos testes antes do primeiro jogo da final. A alegação foi que o elenco deixou Itaquera após eliminar o Mirassol e foi para o CT Joaquim Grava, sem ter contato com ninguém.
Na nota divulgada no site oficial, o Corinthians acusou o Palmeiras de não cumprir o protocolo da Federação. O Alviverde libera seus atletas após os jogos para irem para suas casas, ver suas famílias e curtirem o dia de folga (caso seja dado).
Parece mesmo que o Palmeiras faz errado. Alguém pode se infectar no meio dessas idas e vindas. Porém a diretoria comprou carga grande de testes e a aplicação ocorre praticamente dia sim dia não, se contarmos desde o dia primeiro de julho, quando os treinamentos foram liberados pelo governo estadual.
O que é mais seguro? Testar com frequência e ter resultados mais precisos ou evitar testes correndo sérios riscos de ter alguém infectado e transmitindo a doença? Corintianos trocaram camisas depois do jogo e não pode. O próprio jogador do Mirassol vestiu a camisa do adversário para deixar o campo. Existem alguém que pode decretar com absoluta certeza que ninguém pegou covid?
2018 jamais será esquecido pelo Palmeiras
A decisão do Campeonato Paulista de 2018 foi a maior trairagem da história recente do futebol. Marcelo Aparecido deu pênalti em Dudu e voltou atrás, ouvindo posições de pessoas de fora do campo. As câmeras do Allianz Parque flagraram o que aconteceu, mas, claro, o TJD-SP, que pertence à FPF, jamais iria julgar dessa forma e demover a partida.
O histórico é sujo. De problemas graves. Depois de alguns meses, o próprio TJD-SP assumiu que houve, sim, interferência externa, mas o Palmeiras deveria apresentar prova mais “contundente”. Mais contundente? Mais do que tudo que foi apresentado?
Houve um racha entre Palmeiras e Federação que, ao longo do tempo, foi sendo contornado. Para o clube era ruim manter essa discussão e para a entidade também. Então o diálogo foi retomado. Mas ainda continua estranho, pode escrever.
Terceiro adversário: a imprensa
Quem participa do dia dia da imprensa sabe como funciona. Lembro-me até hoje quando estava na apresentação de Luiz Felipe Scolari na Academia de Futebol, e uma repórter de uma grande emissora de TV disse assim. “O que esse velho fracassado tá fazendo aqui? Porra, tem casa em Portugal, dinheiro, e vem pra esse clube de merda”. Pois é.
Tomei a liberdade de corrigi-la e pedi respeito ao clube e ao profissional que estava sendo apresentado. O histórico de Felipão, sem dúvida, era centenas de vezes maior do que a principiante na profissão.
Além dessa situação descrita acima, já participei de tantas outras e vi tantos outros absurdos. O Palmeiras tem, sim, a imprensa como adversária e inimiga.
O Neto vai começar as brincadeirinhas pesadas na TV ofendendo nossos jogadores. A Fox Sports vai começar as postagens totalmente fora de contexto nas redes sociais. Os corintianos da bancada vão iniciar processo de queima de filme de um monte de gente do clube, e assim por diante.
Para comprovar o que estou falando, basta comparar as manchetes de sites antes e depois. Compare, por exemplo, a classificação do Corinthians com a classificação do Palmeiras.
Corinthians: “Heróico! Corinthians supera Mirassol e conquista grande vaga na final do Estadual. E pode ser tetra”.
Palmeiras: “No sufoco e no suor, Palmeiras passa pela Ponte Preta, mas não convence”.
Contexto. Falo aqui de contexto. Fizemos uma excelente campanha ao longo da primeira fase. Temos duas vitórias na Copa Libertadores. E trouxemos o troféu da Disney (não vale nada, mas é sempre bom ressaltar).
O rival quase foi rebaixado no Estadual e caiu na pré Libertadores de novo. Vergonha que não deveria ter fim. É um revés para zerar o ano e repensar todo planejamento.
Por isso, na quarta e no sábado, teremos três adversários pela frente. Corinthians, FPF e imprensa. Para ser campeão, temos que superar. Vamos ter que dar algo a mais, não tem jeito.
Eu acredito no título.
