Foi o ano da pacificação do futebol paulista. O Palestra soube se armar e venceu o primeiro clássico.
O ano de 1917 nasceu histórico. No dia 13 de janeiro, Dirigentes da Liga Paulista de da Apea (Associação Paulista de Esportes Atléticos) se reuniram para colocar fim à divisão do futebol de São Paulo.
Foi praticamente o nascimento de um novo futebol paulista. E, com ele, a possibilidade de se encontrarem, pela primeira vez, Palestra Itália (que em 1942 passaria a se chamar Palmeiras) e o Corinthians.
Antes de falarmos do primeiro clássico, alguns dados históricos. O Corinthians havia sido fundado em 1º de setembro de 1910. O Palestra Itália surgiu quase quatro anos depois, no dia 26 de agosto de 1914.
O Corinthians disputava o Campeonato Paulista desde 1913, pela Liga Paulista. O Palestra começou a disputá-lo em 1916, pela APEA.
A primeira disputa de campeonato no Palestra não foi nada fácil: terminou em último lugar naquele 1916 em que o Paulistano foi Campeão. Do outro lado, pela Liga Paulista, considerada mais fraca, o Corinthians foi Campeão Invicto.
Daí, damos um salto no tempo e chegamos ao campeonato de 1917, com o futebol já devidamente pacificado. No acordo da pacificação, ficou acertado que os jogadores poderiam mudar de time. O Palestra, mostrando agilidade na sua diretoria, levou para sua equipe Ministro, Picagle, Caetano, Pedretti (do Ruggerone); Bertolini (de Jundiaí); Fabi (Piracicaba); Grimaldi, Severino (do Campos Elíseos) e Fiore (do Luzitano).
Os dois times começaram bem o campeonato: Corinthians vencendo o Ypiranga (1 a 0) e empatando com o Mackenzie (0 a 0). O Palestra, goleando o Internacional, 5 a 1, e empatando com o forte Paulistano: 2 a 2.
Na terceira rodada, dia 06 de maio, ocorre o clássico que, pela primeira vez, teve ampla divulgação pela imprensa. Disputado na tarde de domingo, levou ótimo público ao Parque Antárctica.
O Palestra ainda era um time quase que voltado somente para os italianos. O corinthians, com suas conquistas pela APEA, já arrastava um público que se fanatizava.
O árbitro do jogo foi Alfredo Gullo que, às 14, 15 horas, apitou autorizando seu início. O Palestra procurou se defender para suportar a pressão do adversário e partia para os perigosos contra ataques. Apesar do desempenho dos dois times, o primeiro tempo terminou 0 a 0. Mas a segunda etapa foi toda verde: aos 18 minutos, Caetano, herói da partida, fez 1 a 0 para o Verdão.
Partindo desesperadamente para o ataque, em busca do empate, o Corinthians deixou muitos espaços e aos 25, Caetano, de novo, marcou o segundo gol.
Aos 39, Caetano finalizou a partida marcando o terceiro gol e deixando os corintianos extremamente nervosos. A primeira página do clássico Palmeiras e Corinthians estava escrita.
O Campeonato Paulista, que havia começado no dia 08 de abril e terminando no dia 11 de novembro – teve o Paulistano como campeão estadual. Em 16 partidas, o Paulistano venceu 12, empatou três e perdeu só uma vez.
O Segundo colocado foi o Palestra Itália, que teve 10 vitórias, cinco empates e somente uma derrota. Essa única derrota, ironicamente, foi contra a Associação Atlética Palmeiras, por 1 a 0, no dia 27 de maio de 1917.
Ficha técnica
Palestra Itália 3 x 0 Corinthians
Campeonato Paulista de 1917
Data: 06 de maio
Local: Parque Antárctica
Juiz: Alfredo Gullo
Público: não disponível
Renda: Não disponível
Palestra Itália: Fiosi; Bianco e Grimaldi; Picagli, Bertolini e Fabbi; Caetano, Ministro, Heitor; Orlando e Martinelli.
Capitão: Bianco
Corinthians: Russo; Adelino e Casemiro González; Ciasca, Plínio e César Nunes; Américo, Marconi, Amílcar; Apparício e Neco.
Capitão: Amílcar.
Gols: Caetano 18, 25 e 39 da segunda etapa.
Perfil: Caetano
Cinco dias antes de completar 20 anos, Caetano Izzo deu um grande presente para todos os palestrinos: fez os três gols da histórica vitória contra o Corinthians no primeiro turno do Paulista de 1917.
Chegou nesse ano ao Palestra e logo foi o primeiro carrasco dos alvinegros. Nascido na cidade de São Paulo em 06 de maio de 1897, Caetano jogava no Ruggerone, time da várzea da Lapa, antes de chegar ao Palestra. Era ponta-direita, mas atuava também como meia ou centro avante. Ficou até 1921 no Palestra e depois se transferiu para o São Bento, do interior do estado, onde ficou até 1923.
Encerrou sua carreira no independência-SP, time que jogou entre 1924 e 1926. Nunca mais teve aquela atuação memorável, mas chegou a realizar quatro jogos pela Seleção Brasileira no Campeonato Sulamericano de 1917, disputado no Uruguai, marcando um único gol, na goleada frente o Chile por 5 a 0.
Em seus cinco anos de Palestra, participou de 109 jogos. Sua despedida do Palestra foi com uma vitória frente o Germânia, 4 a 1, em 31 de julho de 1921, no Parque Antárctica.
Caetano ganhou um título vestindo as cores palestrinas: O Paulista de 1920.