Marketing com sabor de belle époque

Comercialização do logotipo de clubes, como se vê a todo momento em centenas de produtos, e venda de jogadores a clubes do exterior são costumes muito modernos, certo? Errado. Quando ainda era Palestra Itália, o Palmeiras já inaugurara tais práticas. O primeiro caso não foi nenhuma cessão da escudo por franchising, palavra, aliás, que nem existia para identificar aquelas marcas que são “alugadas” por determinada firma para uso de outra.

Exatamente quando faria sua partida de debutante, o time de futebol do Palestra não tinha dinheiro para a viagem até Sorocaba, onde enfrentaria o Savóia, de Votorantim. Tomazzo Mauri, diretor esportivo, arranjou a solução: pensava-se em vender os distintivos que o clube entregaria a cada sócio por 500 réis. Por que não cobrar 1.000 réis? Metade iria para a caixa do Palestra, como originalmente se pensava, metade custearia a viagem. Foi feito e deu certo. A propósito, o clube não pagara nada pelos escudos. Fora uma doação. No caso de transação com jogadores, há a história da lendário Ministrinho, um craque cujo apelida era derivado de um ídalo dele próprio e de todos os palesrrinos, o Ministro, que jogou pelo time de 1919 a 1925. Descoberto em peladas na rua Augusta, em 1927, mirrado, o garoto Pedro Semagioto foi levado para o infantil do Palestra, onde fez uma carreira meteórica, subindo rapidamente para o juvenil, chegando ao principal em 1929, quando o time foi mais uma vez Campeão Paulista.

Símbolo do Palestra Itália
Símbolo do Palestra Itália

Em 1931, resolveu fazer a rota inversa da de seus antepassados e foi “fazer a Europa”. Desembarcado na Itália, sem orientação, fez um absurdo: assinou dois contratos como profissional e obviamente não pôde cumprir nenhum, até porque ficou proibido de jogar um ano. A Juventus de Turim (cujo treinador era nada menos que o filho do poderoso Benito Mussolini), tinha um dos contratos do jogador e decidiu mantê-lo; Lucrou no fim, pois, com a ajuda do craque, ganhou os campeonatos nacionais de 1932 e 1933. Ministrinho voltou para o Palestra em 1934, e encerrou a carreira no São Paulo.