Autocrítica, treino e vibração: o caminho de Prass das falhas ao papel de herói

Com duas defesas cara a cara, goleiro do Palmeiras evitou que Fluminense chegasse ao empate no sábado, depois de ter vivido sequência de falhas nos jogos anteriores

O primeiro lance de Fernando Prass contra o Fluminense, no sábado, foi uma reposição errada de bola. Mas o goleiro e ídolo do Palmeiras não teria outra atuação ruim, como vinha tendo nos jogos anteriores. Ao contrário: ele teve uma tarde inspirada, fez duas grandes defesas à queima-roupa e foi fundamental na vitória por 3 a 1, na arena.

Para voltar a ter seu nome gritado pela torcida, porém, o caminho foi longo. Desde uma saída equivocada do gol diante do Atlético Tucumán, na Libertadores, em 24 de maio, ele não vinha bem. Teve outras duas falhas, estas decisivas, na derrota para o São Paulo, quase se complicou no empate com o Atlético-MG e fechou mal o ângulo no gol que decretou a vitória do Coritiba, na última quarta-feira.

Nesse meio-tempo, Prass se queixou com pessoas próximas sobre as críticas recebidas, mas não deixou de se cobrar também. Em vez de ir a público para rebatê-las, focou em dar a volta por cima. Foi comum vê-lo ser um dos últimos – algumas vezes o último – a deixar o campo da Academia de Futebol.

– Nunca perdi a confiança. Fiz uma partida ruim contra o São Paulo. Até nas outras partidas que errei, fiz boas partidas, tirando o erro. Óbvio que erro de goleiro, se não tem um pouco de sorte, acaba tomando o gol. Mas não perdi a confiança, porque goleiro sem confiança não consegue chegar – disse, ao final da vitória sobre o Fluminense.

– Somos seres humanos. Há dias em que o centroavante vai conseguir fazer o gol, o zagueiro vai errar, o goleiro vai errar. Mas tem que ter serenidade. Com 20 anos de carreira profissional, tenho que saber quais minhas reais condições, minhas virtudes, meus defeitos. Não posso achar em um jogo que sou o pior goleiro do mundo. Depois, por um grande jogo, achar que sou o melhor. Tenho autocrítica muito grande, me cobro demais. Por isso também trabalho muito.

Na primeira das duas grandes defesas de sábado, após chute de Henrique Dourado, Prass cerrou os punhos e vibrou intensamente. A segunda, um cabeceio de Marcos Júnior, levou a torcida ao alívio e ao delírio. Em ambas, a vantagem no placar era mínima