Palestra Itália muda de nome por forças políticas e vira Palmeiras. Em 20 de setembro de 1942, Verdão bate o São Paulo por 3 a 1 e os adversários abandonaram a partida.

O dia 20 de setembro de 1942 está marcado na memória dos palmeirenses. Está na memória daqueles que sequer viveram aquela áurea época. A história desse dia merece sempre um destaque maior, uma ênfase engrandecida. Talvez por conta disso que o dia 20 de setembro ficou instituído como “Dia do Palmeiras”, tamanha a importância do fato.

No ano mais sensível da Segunda Guerra Mundial, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, por meio de um decreto-lei, obrigou todas as instituições esportivas que tivessem nomes estrangeiros para alterar, afim de não mencionar inimigos dentro de seu próprio território. O Palestra Itália não teve outra alternativa do que agir. E agiu. Trocou seu nome para Palestra de São Paulo, mencionando a cidade em que se instalava como parte do nome.

Porém o Governo Federal não aprovou a alteração. Foi então que a diretoria do Palestra se reuniu e alterou o nome para Palmeiras, homenageando a Associação Atlética das Palmeiras, antiga equipe que tinha boas relações com o Palestra. Existe outra informação, porém não confirmada, de que o nome teria surgido por conta das grandes palmeiras que florestavam o terreno na Água Branca.

Ainda em 1942, um fato interessante acirrou ainda mais os ânimos: Palmeiras e São Paulo disputavam igual por igual o título do Paulistão daquele ano. Os sãopaulinos eram acusados de forçar o Governo para que o Palestra mudasse de nome, causando ainda mais ódio e rivalidade no confronto.

O então Palmeiras entrou no gramado do

Pacaembú guiado pelo militar Adalberto Mendes. A equipe levava uma enorme bandeira brasileira, provocando aplausos dos torcedores em geral. Assim que a bola rolou, o Verdão não deixou se abater pela pressão e enfiou 3 a 1. O zagueiro Virgílio derrubou o palmeirense Og Moreira na área e Jayme Janeiro apitou pênalti. Assustados, os sãopaulinos resolveram deixar o campo. Vendo o ato covarde, Jayme encerrou a partida, dando o título para o Palmeiras.

“O Palestra Itália morrera líder, mas o Palmeiras já nascia campeão,” virou uma frase célebre para marcar o momento. O Palmeiras nasceu e em pouco tempo de vida já levantava uma taça, contra um dos maiores inimigos.

Para homenagear esse momento histórico, o Governo de São Paulo nomeou uma passarela em frente o Shopping West Plaza de “Arrancada Heróica”. Em 2005, a Prefeitura instituiu 20 de setembro como “Dia do Palmeiras”, homenageando mais uma vez o clube por sua postura ética e heróica, não deixando transparecer medo nem receio.

FICHA TÉCNICA

Competição: Campeonato Paulista/1942
Jogo: Palmeiras 3 x 1 São Paulo
Data: 20/09/1042 – Horário: 16h00
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo/SP
Árbitro: Jaime Janeiro Rodrigues
Expulsão: Virgílio (São Paulo)
Gols: Cláudio Pinho aos 20, Waldemar de Brito aos 23 e Del Nero aos 43 minutos do primeiro tempo. Echevarrietta aos 15 da etapa final

Palmeiras – Oberdan; Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio Pinho, Waldemar Fiúme, Lima, Villadoniga e Echevarrietta. Técnico: Del Debbio.

São Paulo – Doutor; Piolim e Virgílio; Lola, Noronha e Silva; Luizinho Mesquita, Waldemar de Brito, Leônidas, Remo e Pardal. Técnico: Conrado Ross.