O calendário do futebol brasileiro tem caráter muito peculiar em comparação com as datas de jogos em outros países ao redor do mundo. Devido aos campeonatos estaduais que ocorrem em todo o Brasil, os times precisam fazer um planejamento bem minucioso, levando em consideração os confrontos que começam no primeiro bimestre da temporada e sem perder o foco nas competições futuras, as mais importantes do ano, como o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores da América.

O Verdão, credenciado a disputar as quatro competições este ano, fez do elenco sua maior arma para abocanhar taças e esquecer a temporada passada, em que o alviverde passou em branco — diferentemente de 2016. O Palmeiras iniciou o ano de 2018 com quase 30 atletas no plantel; o que era visto como excesso para muitos analistas e torcedores, aos poucos foi se mostrando essencial. Após realizar a melhor campanha da primeira fase do Campeonato Paulista e apenas perder o título para o Corinthians em uma final polêmica, o Palestra começou a precisar mesclar aos poucos o elenco para dar conta do Brasileirão e da Copa do Brasil, além dos jogos da fase de grupos da Copa Libertadores.

Com a queda de Roger Machado, após a décima quinta rodada do Campeonato Brasileiro, e a chegada de Felipão, o rodízio de jogadores se tornou ainda mais evidente. Logo em sua primeira partida no banco de reservas do Verdão, contra o América-MG, no Independência, o técnico mandou a campo uma equipe bem mista. Aparecerem entre os onze iniciais nomes que até então não vinham atuando com frequência como titulares, casos de Luan, Thiago Martins, Mayke, Victor Luis e Jean. Àquela altura, o alviverde disputava contra o Bahia uma vaga para a semifinal da Copa do Brasil, e estava prestes a entrar em campo contra o Cerro Porteño, no mata-mata da Libertadores.

As lesões no esporte, cada vez mais comuns, inclusive as cerebrais, principalmente devido à desgastante rotina de jogos às quartas-feiras e domingos, não demoraram a atormentar o elenco palestrino. Marcos Rocha, Diogo Barbosa, Moisés, Borja e Willian foram alguns dos atletas do time principal que sofreram com lesões. Além disso, Gustavo Scarpa tinha imbróglio na Justiça contra o ex-clube, o que impossibilitava sua atuação e ajuda ao clube nesses momentos de desfalques.

O que serviria para prejudicar o desempenho do time, no entanto, não ocorreu. Devido ao rodízio estar sendo feito há algumas semanas e boa parte do elenco conseguir atuar em alto nível e com frequência — dois times bem diferentes se dividiram entre Brasileirão e Libertadores —, o Palmeiras conseguiu sair das posições fora do G-4 e chegar na liderança do Campeonato Brasileiro, alcançou a semifinal da Copa do Brasil, assim como chegou na semi da Libertadores, contra o Boca Juniors.

O rodízio entre jogadores que Felipão vem fazendo ainda está dando resultados, dentro e fora de campo. Entre as quatro linhas, as vitórias estão acontecendo, e fora delas, os jogadores não demonstram insatisfação com o treinador, já que podem atuar em pelo menos um dos campeonatos. Luiz Felipe, além de deixar o Palmeiras mais competitivo e firme na luta por troféus, gere seu grupo da melhor maneira — produz disputa sadia entre os atletas e quem ganha cada vez mais é o Verdão.