FutebolPaulo Nobre fala sobre Crefisa, opção do Palmeiras virar clube-empresa e explica...

Paulo Nobre fala sobre Crefisa, opção do Palmeiras virar clube-empresa e explica contratação de corintianos

PARTICIPE DO CANAL PALMEIRAS ONLINE NO WHATSAPP

Paulo Nobre, ex-presidente do Palmeiras, assumiu o clube em 2013 com uma série de problemas estruturais e financeiros. Com dinheiro próprio e como avalista, pegou empréstimos e, aos poucos, foi colocando a casa em ordem.

O resultado apareceu dois anos depois com a chegada da Crefisa e os títulos da Copa do Brasil 2015 e do Campeonato Brasileiro 2016.

Em entrevista para o canal Os Bocca Palmeiras, Nobre contou um pouco da história do Paulistano para elencar a importância da profissionalização no futebol.

“Se você pensar com a cabeça no século XX, é um absurdo porque o clube deixa de ser dele mesmo para passar a ser de alguém. Mas se você fosse pensar nos anos 30… eu vou falar uma história do meu pai. Meu pai, se fosse vivo hoje, teria 111 anos. Pra que time torcia meu pai? Meu pai torcia para o Paulistano. Meu pai nunca se referiu ao Palmeiras como Palmeiras, ele só falava Palestra porque na cabeça dele o Palmeiras era o Palestra. Nos anos 30, o futebol se profissionalizou, pelo menos só de um lado do balcão. Os jogadores passaram a receber salário para jogar. Na época foi um absurdo. Dentro do Paulistano foi uma revolta. O Paulistano falou ‘O futebol é um esporte de cavalheiros, nós não vamos nos profissionalizar’. Só que um grupo dentro do Paulistano falou ‘A partir do momento que o Palestra começa a pagar as pessoas que jogam lá, o Corinthians começa a pagar, o Santos começa a pagar… se o Paulistano não pagar, não teremos os melhores jogadores. Não teremos poder de fogo para competir com os times profissionais’. E um grupo dentro do Paulistano saiu e fundou o São Paulo. Meu pai foi daqueles radicalmente contrários, não saiu do Paulistano e continuou sendo Paulistano. Naquela época foi um absurdo imaginar o futebol se profissionalizar, mas quem não se profissionalizou ficou para trás. Tanto é que o Paulistano deixou de competir junto com Palestra, Corinthians, Santos e São Paulo”, disse.

“Voltando agora para 2021. Quando a gente fala de clube-empresa, dá aquela sensação de que o clube é dos sócios e vai deixar de ser para passar a ser do dono. Na minha opinião, esse é o futuro. Quem não virar clube-empresa, quando alguns começarem a virar, vai ficar para trás. Eu acredito que não adianta a gente pensar no mundo de hoje com a cabeça do século passado. É uma coisa que precisa ser muito bem discutida, em quais moldes as coisas vão acontecer e etc. Mas eu acho que seria uma coisa muito saudável.”

Palmeiras e Crefisa

Rompido com Leila Pereira, dona da Crefisa e atual patrocinadora do Palmeiras, Nobre relatou que, hoje, o clube já parece ter um “dono”.

“Como o Palmeiras é absolutamente pioneiro em quase tudo o que acontece no futebol brasileiro, [falando isso] sem clubismo, acho que seria muito interessante o Palmeiras virar clube-empresa. Mesmo porque, hoje, de uma certa maneira, dado o relacionamento que tem com o atual patrocinador – ele não é exatamente como era na época da Parmalat, que era uma cogestão – é uma pessoa muito rica que tem a pretensão de fazer a mulher dele a primeira presidenta do clube, e já tem uma relação financeira com o clube tão grande, que parece que o Palmeiras já foi vendido sem ter entrado dinheiro. O Palmeiras ainda deve”, avaliou.

Contratação de corintianos

Em meados de 2013, a gestão de Paulo Nobre contratou dois corintianos para trabalharem na comunicação do Palmeiras. Na época, o fato incomodou muito torcedores e associados. Mas, segundo o mandatário palmeirense, o relacionamento com os jornalistas mudou bastante e os vazamentos de informações foram contidos ao máximo.

“Na minha gestão foi um escândalo quando em 2013 eu trouxe dois ‘gambás’ [referência a torcedores do Corinthians] para a nossa assessoria de imprensa. Mudou da água para o vinho a nossa relação com a imprensa, o vazamento de informações… tudo isso acabou porque eles não pensavam com o fígado como nós. Eles não sofriam porque nem palmeirense eram, mas eles eram muito profissionais. Quando o cara é profissional, rende mais. Eu pergunto para qual time torce o técnico quando eu vou contratá-lo? Eu pergunto o time do zagueiro ou do atacante? Então pra quê eu vou contratar só profissionais palmeirenses? Eles são profissionais e fazem de tudo para ganhar com o Palmeiras”, afirmou.

Em outras entrevistas, Nobre admitiu que não deseja concorrer à presidência no final do ano. Maurício Galiotte terá que deixar o poder por ter dois mandatos.

+ Palmeiras