Com a palavra, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras. “A minha forma de viver é muito intensa, é muito diariamente. É viver o aqui e o agora. O que vai acontecer a seguir, tem seu tempo. Eu, na minha vida profissional, faço da mesma maneira”. Assim Abel inicia seu relato sobre sua vitoriosa trajetória no Palmeiras para o site The Coaches’ Voice.
Abel Ferreira revelou detalhes sobre sua chegada ao Palmeiras e revelou que sua família foi contra sua mudança para o Brasil, com o receio de que as coisas não dessem certo e logo o técnico fosse demitido.
“Fui contra tudo e contra todos da minha família. Meus pais disseram: ‘Não vás! Não vás! Não vás!’’. A minha mulher disse: ‘Não vás! Não vás! Não vás!’’ Eu disse-lhe: ‘Se tu gostas de mim, vais continuar a gostar, mas eu vou’. Fui contra toda a minha família. Ninguém queria que eu viesse. Ninguém. Eu vim, única e exclusivamente por convicção própria. Mesmo sabendo que a média de permanência dos treinadores no Brasil são três meses”.
Abel Ferreira cruzou o Atlântico, chegou à Academia de Futebol, em São Paulo, e encontrou os jogadores que precisavam de seu modo de trabalho. Abel revelou o que viu quando chegou ao Palmeiras.
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“Só que cheguei e vi uma equipe que, acima de tudo, lhe faltava acreditar em si mesma. Uma equipe que lhe faltava carinho. Faltava ouvir os atletas. Muitas vezes, o treinador fala, fala, fala, fala, fala e esquece de ouvir o outro lado. Depois, quando tens uma estrutura como a do Palmeiras, só tens que pegar na tua filosofia de jogo, que nada mais é do que uma filosofia de estar na vida que transporto, de forma particular, ao futebol”, lembrou o treinador que revelou também como conseguiram chegar ao sucesso para conquistar títulos importantes.
“Portanto, conseguimos criar aqui uma família de trabalho. Conseguimos que os jogadores realmente confiassem em si próprios. Que acreditassem que eram muito melhores do que aquilo que pensavam. Neste momento, diria que os meus jogadores são capazes de jogar sem treinador”.
E falando sobre títulos, Abel Ferreira falou também sobre esses momentos tão importantes na sua carreira. Lembrando que até chegar ao Palmeiras, Abel ainda não tinha conquistado títulos como treinador.
“Eu não consigo me lembrar dos troféus. Consigo me lembrar dos relacionamentos, dos afetos que criamos aqui, da família. A Libertadores, a taça, não é isso que me vem à mente. Vem todo o trabalho, todo o sofrimento, o atravessar o Atlântico e deixar a minha família para trás”.
E ao lembrar do seu primeiro título na carreira e com o Palmeiras, a tão importante Libertadores de 2020, contra o Santos, no Maracanã, Abel revelou uma peculiaridade sobre aquela partida.
“Lembro-me de estar a gritar – e isto ouve-se na televisão -, pouco antes do gol: ‘Família, família, família, família’. Antes da partida, o Weverton tinha passado a seguinte mensagem ao grupo: ‘Galera, durante o jogo, se tivermos dificuldades, olhem para cima e lembrem-se da nossa família. Quando for preciso buscar uma energia extra, vejam a nossa família’. Peguei aquele gatilho. Vocês reparem, estou lá a gritar nos últimos 5 minutos: ‘Família, família, família’”.
Após chegar ao Brasil e ver sua carreira e vida pessoal mudar drasticamente, Abel revelou que uma coisa não mudou.
“Meus valores não mudaram nada desde que cheguei aqui. A única coisa que mudou é que tenho mais títulos. E as pessoas te reconhecem mais. Mas os meus princípios e a minha maneira de ser são exatamente iguais. Outra diferença é estar muito mais exposto agora do que quando estava no Braga. O Braga é o quarto clube em Portugal e vim para o maior campeão brasileiro, num país de mais de 200 milhões de habitantes. É outra dimensão. Outra grandeza“.
Desde que chegou ao Palmeiras, em outubro de 2020, Abel Ferreira conquistou duas Libertadores (2020 e 2021), uma Copa do Brasil (2021), uma Recopa Sul-Americana (2022) e um Campeonato Paulista (2022). Além dos títulos, Abel conquistou uma multidão de palmeirenses espalhados pelo mundo, a família Palmeiras.
“Sabendo que vamos perder, mas que o caminho é esse. Não pode ser a derrota a alterar o nosso caminho. A derrota faz parte do sucesso. É bom que as pessoas entendam isso”, assim finaliza Abel Ferreira, técnico da Sociedade Esportiva Palmeiras.
