Pergunte a qualquer quarentão qual foi tempo mais feliz que ele viu no Brasil. Dez em cada dez responderão: “Os anos JK”. Terão razão, pois naquele período, a segunda metade da década de 50, tudo dava certo … e todo o sucesso era creditado ao presidente Juscelino Kubitschek, o JK. Mal refeitos do golpe do suicídio de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, os cidadãos receberam seu sucessor com certa desconfiança; afinal, ele prometia tirar em cinco anos o atraso brasileiro de meio século. E mais, tinha a idéia fixa de construir uma nova Capital Federal em Goiás, no meio do nada. A instalação da indústria automobilística, cuja “gestação” começara na década anterior, foi acelerada por ele. O Brasil recebia investimentos estrangeiros como jamais tinha visto. E ao passar a Presidência para Jânio Quadros, entregou também, prontinha, Brasília, a nova capital.
A arrancada econômica teve correspondência na área artística, onde dois movimentos foram marcantes: a criação da Bossa Nova e a do Cinema Novo. A primeira mudou completamente o rumo da música brasileira, e suas influências perduram ainda hoje. (Os anos 50 não eram preconceituosos: ouvia-se também os irmãos Celly e Tony Campello, cantores do iniciante rock nacional, o harpista paraguaio Luiz Bórdon e suas guarânias, a orquestra de Ray Conniff, entre outras coisas.) O movimento cinematográfico, iniciado em 1956 com o filme “Rio 40 Graus”, perdeu-se no tempo, mas serviu para revelar um dos mais cuItuados diretores do mundo, Gl auber Rocha. No esporte, o Brasil despontava para o mundo. Finalmente, a conta pendurada desde 1950 estava paga, com a conquista da primeira Copa do Mundo pelo país, em 1958, que revelou Pelé. Não foi só futebol a dar alegria ao povo: em 1959. e 60, uma brasileira, Maria Esther Bueno, conquistava o bicampeonato na “grama sagrada” de Wimbledon, Inglaterra. E não acabou aí, pois em 1960 outro brasileiro, Éder Jofre, trazia para o país o cinturão de campeão mundial de boxe na categoria peso-galo.
O Palmeiras não ficou alheio à vontade de fazer coisas novas. Em 1955 inaugurava o parque aquático, um conjunto de piscinas para lazer ou competição. Cinco anos depois tinha pronto o novo ginásio de esportes, com capacidade para cinco mil pessoas e, em 1963, daria um último toque nessa série de melhoramentos, comprando os 500 mil metros quadrados às margens da represa de Guarapiranga para a instalação do clube de campo. O clube não cuidou apenas de aumentar o patrimônio. Novos departamentos foram criados ou ampliados: futebol de salão, tênis de mesa, natação, saltos ornamentais e vôlei (1955).
Um dos departamentos, o de patinação Artística e Esportiva (1955), foi o embrião para a criação dos Periquitos em Revista (em 1965), um espetáculo que se tornou conhecido e aplaudido em todo o país, montado com patinadores treinados na escola do próprio clube.