Blog do Thiago GomesMe desculpe, Abel Ferreira! Me desculpe

Me desculpe, Abel Ferreira! Me desculpe

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Caro Abel Ferreira,

Escrevo para te pedir desculpas. Não, eu particularmente não fiz nada de errado e nem te comprometi, mas estou com vergonha no momento pelo que você está passando. Então, gostaria de te pedir desculpas como um simples torcedor do Palmeiras. Pode não ser o bastante, mas gostaria de deixar clara essa situação contigo.

Você deixou o PAOK, da Grécia, e veio para o Palmeiras. Antes de você chegar, vários jornalistas disseram que você não tinha boas experiências nem títulos na carreira. E que você seria um fracasso.

Você chegou na Academia de Futebol e logo quis trabalhar. Chamou todo mundo no campo. Todo mundo. Faxineiros, copeiras, jardineiros. Todos. Sem distinção. E todos fecharam contigo em busca de um único ideal: vencer. E você venceu.

Todas as fases que passamos na Libertadores, falaram que jogamos feio. Olha só, até na goleada diante do River Plate na Argentina não tivemos méritos. Você não teve mérito. Falaram que foi derrocada e uma “péssima noite” dos argentinos.

O título do continental veio dia 30 de janeiro. Vimos você no gramado antes da bola rolar, olhando para cima, sentindo o cheiro da grama e convocando os deuses do futebol. E sentindo o cheiro do que estava por vir. Foi opção sua colocar Breno Lopes no final do jogo. E foi por essa escolha que levantamos o troféu. Não chegávamos perto desde 1999. Tem noção do que isso significa?

Pouco mais de dois meses depois, eliminamos o América-MG e chegamos na final da Copa do Brasil. Mas, ainda assim, não foi sucesso nosso. Um adversário fácil, eles disseram. Mas foi esse “adversário fácil” que eliminou o Corinthians da competição. Curioso, né? Mas, nesse caso, foi porque o alvinegro jogou mal (eles disseram).

Ganhamos do Grêmio lá e aqui. 3 a 0. Sem chances. Levantamos mais um troféu nacional. O quarto de nossa história na Copa do Brasil. Continuaram falando que você não deu padrão de jogo e que o Grêmio também “não era lá essas coisas”.

Te peço desculpas, Abel, pela Federação Paulista. Nem te ouviram e não quiseram adiar o Derbi entre as finais da Copa do Brasil. Eles não ouviram nossa diretoria também. O importante, para eles, é dificultar. Ainda bem que não conseguiram, né? Mas te peço desculpas por fazer você lidar com esse tipo de entidade.

Segundo eles, acumulamos três vices. A Recopa Sulamericana, a Supercopa do Brasil e o Campeonato Paulista. O Paulista, até concordo. Mas os outros dois campeonatos existem ora sim, ora não. Campeão em 1999, o Palmeiras não disputou a Recopa porque não tinha. Campeão Brasileiro de 2018, o Palmeiras não disputou a Supercopa do Brasil porque não tinha. E, de acordo com eles, são títulos equiparados com Brasileiro e Libertadores. Desculpa, Abel. Eles não sabem o que falam.

Jogar de dois em dois dias, três em três dias. Além de desgastar mentalmente, desgasta fisicamente. Mas como te disse ali em cima, a Federação não quer saber de nada disso. A gente que se lasque. E mesmo falando que usaria o Paulista como laboratório, olha só, chegamos na final. Mas te peço desculpas, Abel, pelo que fizeram antes disso. Sem obrigação alguma de se classificar para as fases seguintes, falaram que estávamos protagonizando um vexame. Você sabia que fizeram até mesas redondas em programas esportivos na TV para discutir isso? É, meu amigo. O Palmeiras era o vexame da vez, mesmo sendo o atual Campeão Paulista, Copa do Brasil e Libertadores. Vexame, eles disseram. Seu nome apareceu pichado em um dos muros do Allianz Parque. Viu o tamanho da influência que eles tem?

Passamos. Eliminamos o Red Bull Bragantino, adversário mais forte das chaves. Adversário de Série A. E atropelamos o Corinthians, queridinho deles, sem qualquer chance. Ainda falaram sobre a falta de padrão de jogo. Tiramos o pé. Caso contrário seria mais uma goleada.

Em dois jogos contra o São Paulo, igualdade. O primeiro confronto foi 0 a 0 e bem truncado. Eles falaram que fomos covardes, como se fosse só o Palmeiras que jogou. E falaram que a final foi feia, ridícula, pouco para os clubes. Eles queriam, Abel, que você abrisse o time e agredisse o adversário do começo ao fim, em casa. Peço desculpas por isso. Eles querem um futebol show, toques excepcionais, tudo gravado e dividido em capítulos para virar uma nova série do Netflix. Show, espetáculo, né?

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No Morumbi, chuta de fora, desviado, gol do rival. Desmontou tudo que você pensou. E depois veio o segundo gol. Perdemos a final de laboratório, de um campeonato direcionado para testes. Na coletiva pós jogo, você elogiou o rival e disse que o Palmeiras também poderia ter vencido. Mas sabe o que eles fizeram? Tiraram do contexto. Cortaram o trecho que você disse que o rival não foi muito mais que o Verdão em campo. Aliás foi apenas esse trecho que foi elencado nas redes sociais e TV. Mas quem assistiu a sua entrevista inteira vai saber o que você disse.

Abel, me desculpe. Eles te chamaram de arrogante. Falaram que você não tem nada a adicionar no futebol brasileiro e te atacaram bastante. Se não bastasse, você vivencia o que é a Federação Paulista e CBF. O futebol brasileiro é e sempre foi uma bagunça. Não tem muito o que dizer.

O técnico Abel Ferreira, da SE Palmeiras, em jogo contra a equipe do Coritiba FC, durante partida válida pela trigésima sexta rodada, do Campeonato Brasileiro, Série A, no Estádio Couto Pereira. (Foto: Cesar Greco)
O técnico Abel Ferreira, da SE Palmeiras, em jogo contra a equipe do Coritiba FC, durante partida válida pela trigésima sexta rodada, do Campeonato Brasileiro, Série A, no Estádio Couto Pereira. (Foto: Cesar Greco)

Se você defendesse Corinthians ou Flamengo, iria entender a discrepância no que tange ao relacionamento. Muitos jogos consecutivos? Perdeu jogador para a seleção brasileira? O calendário é arrumado para não comprometer. Mas como você optou pelo Palmeiras, tem que pular tudo isso e encarar três, quatro adversários à mais por partida.

Desculpa, Abel. Apenas peço que continue fazendo seu excepcional trabalho. Você já entrou para a história da Sociedade Esportiva Palmeiras e roubou o coração de milhões de palestrinos. Obrigado pelo seu comprometimento e pelo comprometimento da sua comissão técnica.

Desculpas e obrigado!

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