Palmeiras e Flamengo jogaram no Allianz Parque pela décima quarta rodada do Campeonato Brasileiro. Desde 2019, ambos os clubes protagonizam uma rivalidade completamente fora da realidade. Fruto disso vem da imprensa, que vive fazendo comparações e criando clima tenso.
Campeão da Libertadores 2021 justamente em cima dos cariocas, o Palmeiras detém hegemonia maior. Foi Campeão da Supercopa do Brasil e também tem o maior número de vitórias no confronto histórico. Mas nada disso vale mais. Nada disso.
Antes da bola rolar neste sábado, Gabriela Anelli, torcedora do Palmeiras que estava na fila para entrar na arena, foi atingida por uma garrafa de vidro. O artefato estourou e atingiu seu pescoço. Gabriela teve duas paradas cardíacas e não resistiu. Um torcedor do Flamengo foi detido.
Não consigo normalizar um ato como esse. Não consigo normalizar que meu filho pode sair de casa, ir ao jogo e não voltar mais. E o fim dessa história nós conhecemos: o assassino será solto, cumprirá algumas penas brandas e a vida seguirá seu curso. A família da Gabriela, infelizmente, terá que seguir a vida sem sua maior preciosidade.
E sabe o que é mais espantoso ainda? As discussões nas redes sociais sobre os responsáveis pela morte da torcedora palmeirense. Discussões vazias e sem qualquer propósito. Discussões que não trarão a Gabriela de volta.
Os fatos são claros. A entrada da Rua Padre Antônio Tomás sustenta torcedores visitantes. Um portão é colocado no meio da rua para dividir as torcidas, já que palmeirenses também trafegam por ali. Foram arremessadas diversas garrafas em cima dos torcedores do Palmeiras, e uma delas matou a Gabriela. Já existem imagens do responsável, o nome de quem fez e ele está detido. O que mais precisa para dar o exemplo e prender de vez? Mais mortes? Mais violência?
A tristeza é o nome do sentimento aqui hoje. Trabalhar está sendo difícil, falar sobre futebol mais ainda. Estamos caminhando a passos largos para o fim desse esporte tão apaixonante. Andar com a camisa do seu time, hoje, é um ato de glória. Podemos ser atingidos por uma garrafa, levar um tiro ou ser alvos de atos grotescos de monstros que andam por aí achando que seus clubes comandam suas vidas. Cada pessoa que morre por causa de futebol leva um pouco do esporte junto. Leva um pouco da gente. Um pouco da nossa humanidade.
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