OpiniãoEditorialEntrevista lamentável de Tirone

Entrevista lamentável de Tirone

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Se já não bastasse nossos diversos problemas estruturais (que culminou na eleição do fraquíssimo Arnaldo Tirone), a diretoria do clube segue cavando seu próprio buraco.

Em entrevista espontânea ao Jornal da Tarde, o presidente do Palmeiras simplesmente pixou as melhores peças do nosso elenco: Valdívia, Lincoln, Marcos Assunção e Felipão. De quebra, nosso digníssimo presidente ainda criticou ferrenhamente o ex comandante do clube, Luiz Gonzaga Belluzzo, demonstrando mais uma vez seu lado vingativo.

O que podemos resumir desta lamentável entrevista é o seguinte:

– Arnaldo Tirone mais uma vez demonstrou total despreparo para ser presidente de um clube como o Palmeiras;

– Tirou todo comando de Felipão e assumiu que os jogadores não gostam de ter ele como treinador;

– Só não negociou Kleber com o Santos porque a torcida simplesmente “o mataria”;

– Criticou Felipão e Roberto Frizzo por criticarem a escolha de Paulo César de Oliveira nas semifinais do Paulista. Isso demonstra a falta de diálogo e ligação entre presidente e diretor de futebol, já apontado pelo técnico alviverde anteriormente;

Ficou claro e notório que Tirone foi “enviado” para dar essa entrevista. Existe alguém por trás (Mustafá) que mandou o presidente prestar esse tipo de declaração absurda. O Palmeiras estava se recuperando lentamente dos tropeços consecutivos (eliminação contra o Corinthians do Paulistão e Coritiba pela Copa BR), mas as declarações de Tirone causaram revolta tanto no elenco quanto na comissão técnica, que enfrentarão pela frente à partir do final de semana que vem o campeonato mais longo do mundo: o Brasileirão. Qual o objetivo dessas declarações? Simples: economizar e montar um time mediano, com salários menores, para no final do mandato não ter conquistado nenhum título, mas usar como argumento a recuperação da “saúde financeira” do clube.

O Palmeiras Online sempre se manteve neutro após os diversos problemas que tivemos com o ex-presidente Mustafá Contursi. Mas existe a possibilidade de apoiarmos a corrente #foratirone, que só fez cagada até agora. O que vocês, palmeirenses e leitores do POL, pensam sobre isso?

Leia a entrevista na íntegra e tire suas próprias conclusões.

Conseguiu o acerto com o Walter Torre para a obra da Arena ser retomada?
Foi difícil, mas entramos em um acordo. Fico feliz em saber que São Paulo vai ter uma Arena. As obras serão retomadas (hoje, às 7h) e conseguimos fazer um bom negócio. Hoje (ontem) teve uma pequena alteração no contrato em relação ao seguro. O Walter colocou bens pessoais no valor de R$ 250 milhões como garantia. E está para ser fechado o acordo de “naming rights” (direito de uso de nome) da Arena com a Unimed por uns R$ 7 ou R$ 8 milhões ao ano durante dez anos.

Foi um bom negócio?
Saberemos isso daqui a alguns anos. É claro que todo mundo acha que sempre dá para fazer melhor. Acho que foi bom negócio para eles, e para o Palmeiras foi razoável. Se a WTorre tivesse proposto isso para o Corinthians ou São Paulo eles não topariam. Havias outras construtoras interessadas. Há um ano e meio uma delas me ligou perguntando se o Walter não queria fazer parceria com eles. Liguei na hora e o Walter disse que não. Mas acho que ele está fazendo de tudo para dar certo, porque é muito dinheiro envolvido.

Se o Palmeiras quiser realizar visitações no estádio ou construir um museu, poderá?
Toda exploração do estádio é da WTorre. Cedemos 49 mil metros quadrados para a Arena e ficamos com 50 mil para o clube. Nessa área podemos fazer o que quisermos. Mas visitas ao estádio quem vai controlar é a WTorre.

Em relação ao futebol, como será o elenco para o Brasileirão?
Ontem (quinta-feira) estive com o Felipão para falar disso. Já temos um contratado, que é o Paulo Henrique (lateral-direito do Paraná, de 21 anos). E como em todo fim de campeonato é normal que uns quatro ou cinco saiam. Vamos montar uma lista de uns dez jogadores e tentar contratar alguns em cima disso. Não podemos fazer loucuras, até porque os medalhões que vieram para o Brasil não estão jogando. Adriano e Luis Fabiano estão machucados e o Ronaldinho não está indo bem no Flamengo. Temos de ver a situação do Valdivia também.

Qual o problema dele?
O Valdivia se machuca demais. Se somar o número de jogos que ele e o Lincoln disputaram não chega a 40 dos nossos últimos 60. Eles estão saindo muito caro. E quando o Valdivia se recuperar dessa contusão vai embora para o Chile e só volta no fim de julho, depois da Copa América. Foi um péssimo investimento.

Até o dia 15 de agosto o clube terá de desembolsar 6,5 milhões de euros (R$ 14,9 milhões) para pagar pela vinda do Valdivia (empréstimo dado pelo banco Banif). Tem esse dinheiro?
Ter eu não tenho, mas vou ter de me virar. Nem dá vontade de pagar. Ele só quer saber de cair na noite, não está querendo nada. Ainda não deu retorno para o clube. Lembra do Pedrinho? Na época ele chegou a pedir para o Mustafá suspender o seu pagamento, porque só se machucava. No caso do Lincoln, ele também se machuca, mas pelo menos é responsável.

Já pagaram o 1 milhão de euros que estavam devendo para o Lincoln?
Ainda não. Estamos vendo como vamos fazer. Ele recebe R$ 270 mil por mês e estava um ano parado antes de vir. É mais uma loucura que a diretoria anterior fez.

O elenco precisa de um meia?
É só analisar a situação. O Valdivia e o Lincoln se machucam muito, e o Valdivia vai para a Copa América.

Outros reforços em vista?
Estamos tentando o Henrique. O Barcelona quer vendê-lo, mas o Racing acaba de ser comprado por um indiano rico. Tem se ver se eles vão querer comprá-lo. Se não comprarem, vamos tentar trazê-lo por empréstimo. O Rafael Tolói interessa, mas o problema é o salário muito alto. Tem o lateral do São Paulo, o Junior Cesar. É bom jogador. Estamos de olho também. Eu queria mesmo o Dagoberto. Ano passado o São Paulo quis o Valdivia. Se quiserem de novo, eu toparia trocá-lo pelo Dagoberto. E gosto do Borges também. Vou contar uma coisa: o Santos me pediu o Kleber emprestado para a Libertadores. Não tinha como aceitar, se eu fizesse isso a torcida me matava.

O Fernandão interessa?
O Felipão o queria antes de trazermos o Wellington, mas eu achava caro por causa do salário dele. Acho difícil que ele venha.

E o Marcos Assunção, renova?
Estamos tentando. Ele quer encerrar a carreira no Palmeiras e o Felipão gosta muito dele, mas ganha R$ 130 mil e quer R$ 250 mil. Nenhum time vai pagar isso para ele. Vamos ver o que dá para fazer. Acho que ele fica.

O mercado sul-americano é interessante para o clube buscar reforços?
É bem interessante. Uruguai, Paraguai… Por falar nisso, quanto foi o jogo do Cerro? (ao ser avisado de que foi 1 a 1 contra o Jaguares:) Ah tá…

De olho em alguém do Cerro?
(risos) Talvez.

Como está o relacionamento com a Traffic?
O problema é que eles querem escolher o jogador e colocar no Palmeiras, e nós queremos escolher o jogador e pedir para eles contratarem. Estamos conversando sobre isso.

E a polêmica sobre a escalação do Paulo César de Oliveira no jogo da semifinal com o Corinthians?
O problema é que o Felipão e o Frizzo falaram muito. Se eles tivessem ficado quietos, eu conseguiria convencer a Federação a mudar a escala. É como ter um assaltante na sua casa: você tem de administrar, manter a calma, tentar conversar, senão ele te mata. Sabia que o Paulo César iria expulsar alguém nosso. Ele se sentiu ameaçado e agiu para mostrar que quem manda é ele, o que também é errado.

O que pensa sobre o Felipão?
Nenhum jogador gosta de técnico que fica puxando a orelha deles. Eu me reuni com os jogadores e falei que o Felipe tinha idade para ser o pai deles e eles tinham de respeitá-lo. Acontece que jogador acha que entende mais do que o técnico. E o problema do Felipão é que às vezes ele se desequilibra. Você conversa com o Mano Menezes e ele é calmo o tempo todo.

Acha melhor a negociação das cotas de TV ser feita individualmente, como foi agora?
Agora foi bom, os valores foram ótimos, mas acho que devia voltar a ser coletiva. O problema é que agora vai ter negociação escondida. O Corinthians, por exemplo, diz que vai ganhar R$ 120 milhões. Isso é mentira.

O ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo disse que ficou decepcionado com os bastidores do futebol. E você?
É que ele foi muito puro em alguns momentos, e futebol não é para amador. Futebol tem muita disputa, dinheiro e vaidade envolvidos. Não dá para confiar em ninguém. E no Palmeiras é pior ainda. Pega os três filmes do Poderoso Chefão e assiste. Aquilo é o dia a dia do Palmeiras. O cara senta pra jantar com você e quando você levanta te dá um tiro nas costas.

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